São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JORGE GERDAU JOHANNPETER

Infra-estrutura limita o crescimento


As PPPs são uma alternativa para construir um novo padrão de financiamento para a economia brasileira

O BRASIL precisa aumentar significativamente os investimentos em infra-estrutura para gerar as condições necessárias para o crescimento sustentado. O baixo nível de poupança do setor público, decorrente da sua histórica ineficiência em gestão, resulta em um governo sem recursos suficientes. Portanto o capital privado é fundamental para reduzir o déficit de investimentos em infra-estrutura -especialmente nas áreas de energia elétrica e de logística- e aumentar a competitividade do setor produtivo no mercado internacional.
A estabilidade econômica, política e social brasileira tem representado um avanço importante no estímulo aos investimentos privados, mas é preciso fazer mais. O Brasil continuará com baixos níveis de inversão enquanto não forem desenvolvidos mecanismos para realmente modificar o comportamento e a expectativa do mercado e fazer com que o setor produtivo tome decisões de investimento mais intensas e mais rápidas.
Nessa discussão se insere a consolidação de marcos regulatórios e legais, seja por meio de agências reguladoras seja por meio de outros instrumentos adequados. Se alguém duvida do sucesso de atrair capitais privados a partir de uma definição política e regulatória, basta analisar os números do setor de telefonia no Brasil.
As PPPs (Parcerias Público-Privadas) são uma alternativa para construir um novo padrão de financiamento para a economia brasileira.
Ao agregar a expertise da gestão empresarial, as parcerias podem gerar ganhos de eficiência importantes, ao construir obras com menor custo e ao disponibilizar serviços públicos de qualidade em menor prazo.
As PPPs são cada vez mais utilizadas no mundo. Na Inglaterra, foram desenvolvidos cerca de 600 projetos ao longo de dez anos, desde a implantação desse modelo, totalizando US$ 54 bilhões. Na Índia, a previsão é que aproximadamente US$ 70 bilhões sejam investidos pela iniciativa privada em projetos de PPPs até 2012 -atualmente já existem cerca de 200 obras nesse modelo em andamento naquele país.
O sucesso das PPPs no Brasil também passa pela maior mobilização do governo, por meio de uma força-tarefa que trace estratégias, estabeleça prioridades e busque a remoção dos obstáculos existentes. Além disso, é importante analisar as experiências de outros países, assim como as metodologias utilizadas.
Atualmente existem no país algumas iniciativas em nível local, absolutamente válidas, mas que não solucionam os problemas na área de infra-estrutura em nível nacional.
Diante da elevada liquidez mundial e da necessidade dos mercados de capitais de diversificar os investimentos, o Brasil representa uma opção diferenciada para inversões nacionais e internacionais e as PPPs são uma alternativa viável para a captação desses recursos.
Cabe às lideranças governamentais construir, no curto prazo, um ambiente capaz de atrair mais investimentos para o país, em benefício do aumento de empregos e da arrecadação de tributos.


JORGE GERDAU JOHANNPETER , 70, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.

jorge.gerdau@gerdau.com.br


Texto Anterior: "Governo está atento e quer o equilíbrio"
Próximo Texto: Mantega avança "petização" no Ministério da Fazenda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.