São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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Advogado teve mais reuniões que 2 ministros

Presença de Teixeira no gabinete de Lula foi mais freqüente que a dos titulares da Pesca e de Políticas para as Mulheres

Advogado havia dito que encontros com o presidente foram "raríssimos'; ontem, afirmou que 4 das 6 reuniões foram apenas visitas "cordiais"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Roberto Teixeira disse, via assessoria de imprensa, que quatro dos seis encontros não divulgados que ele teve com o presidente Lula desde 2006 no Planalto foram apenas visitas "cordiais" ao amigo.
As outras duas visitas, também não divulgadas anteriormente, ocorreram um dia depois de o governo dar à Varig autorização para voar e no dia em que a companhia foi comprada pela Gol.
A presença de Teixeira no gabinete do presidente, desde 2006, foi maior que a de alguns ministros. Altemir Gregolin (Pesca) esteve duas vezes com Lula no mesmo período. Nilcéa Freire (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) só aparece uma vez.
A comparação leva em conta as agendas públicas do presidente e as visitas de Teixeira só agora divulgadas.
Em entrevista à Folha na semana passada, Teixeira havia dito que os contatos com Lula foram poucos: "Nos últimos cinco anos e meio, os momentos que tive com o presidente foram raros. Os meus raríssimos encontros com ele são mais pessoais".
O primeiro desses encontros descritos como cordiais foi em 22 de agosto de 2006. No dia, Lula teve, oficialmente, agenda com políticos e empresários japoneses. Em 2 de janeiro de 2007, Lula teve só dois compromissos oficiais: uma reunião com ministros e uma solenidade do Programa Luz para Todos.
Em 16 de fevereiro, um dos encontros do presidente foi com o ministro Waldir Pires (Defesa), que negou a presença de Teixeira: "Não me reuni com o presidente Lula e Roberto Teixeira ao mesmo tempo".
Por fim, Teixeira esteve com Lula em 14 de abril deste ano, segundo o Planalto, quando o presidente teve reuniões com Dilma Rousseff (Casa Civil), José Múcio (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
A Folha pediu na semana passada à Presidência informações sobre as visitas de Teixeira desde 2006. A assessoria informou as seis datas, mas não os motivos. Alegou que nem todos os compromissos constam da agenda pública e que há encontros cuja divulgação, por razões pessoais ou políticas, não é considerada apropriada.
Há ainda reuniões que, segundo a assessoria, não estão previamente agendadas e são solicitadas informalmente por ministros ou pelo gabinete pessoal do presidente. O Planalto diz que as seis visitas de Teixeira podem estar incluídas em uma dessas situações.
O encontro ocorrido no dia em que a Gol oficializou a compra da Varig (28 de março de 2007) tem versões desencontradas. A reunião ficou conhecida pela foto em que Teixeira aparece ao lado de Nenê Constantino e Constantino Jr., da Gol, no elevador do Planalto.
A assessoria de Lula diz que o encontro foi pedido pelo então ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), às 17h daquele dia. O nome de Walfrido aparece na agenda, mas o dos empresários, não.
À Folha Teixeira disse que a audiência foi solicitada por Constantino Jr., que o teria convidado. Constantino Jr. não foi encontrado. Seu pai, Nenê Constantino, negou o convite a Teixeira. "Ele trabalhava para o outro lado. Para nós, ele não fez favor nenhum", disse Nenê. (ALAN GRIPP E LETÍCIA SANDER)


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