São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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Investimentos externos também devem aumentar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pessimismo em torno das contas externas não chegou aos investimentos estrangeiros diretos. Ao contrário, o Banco Central revisou a projeção de ingresso de capital estrangeiro no setor produtivo para o ano de US$ 32 bilhões para US$ 35 bilhões, valor que será recorde se vier a se confirmar.
Em maio, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 1,3 bilhão. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, somam US$ 14 bilhões.
No ano passado, os investimentos estrangeiros no setor produtivo foram recorde, de US$ 34,5 bilhões. Antes da revisão, o BC esperava ligeira queda neste ano, por causa da crise financeira internacional que afetou as decisões de investimento das multinacionais.
Maurício Oreng, analista da Itaú Corretora, lembra que, mesmo em crise, as empresas estrangeiras perceberam que o crescimento econômico torna o Brasil um bom mercado para investir. "Para fazer negócio no Brasil, as empresas não precisam de tanto dinheiro. Os Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China) são baratos, principalmente a mão-de-obra", afirma.
Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, concorda com a projeção do BC de investimento direto para este ano. Ele comenta que a indústria e a construção civil foram os setores que mais atraíram o capital estrangeiro.
Segundo dados do Iedi, de janeiro a maio os investimentos externos na indústria cresceram 40,3%, para US$ 5,5 bilhões. O ingresso de capital estrangeiro para financiar a construção civil aumentou 182%, somando US$ 529 milhões.
O ex-secretário lamenta o ritmo lento de investimentos estrangeiros no setor de serviços, que registrou crescimento de 8,4% nos cinco primeiros meses deste ano, somando US$ 6,6 bilhões. As principais deficiências, diz Almeida, são nos setores de telefonia, que registrou ingresso de capital estrangeiro de US$ 90 milhões de janeiro a maio deste ano, contra US$ 280 milhões no ano passado, e energia, com ingresso de US$ 245 milhões neste ano (US$ 260 milhões em 2007).
"Ao contrário da indústria e da construção, o setor de serviços vai mal. Ainda não convencemos os estrangeiros nesse ponto. Falta infra-estrutura para atrair esses investimentos", alerta Almeida.
O maior crescimento dos investimentos diretos, segundo o Iedi, foi na agricultura, pecuária e mineração, de 61,1% nos cinco primeiros meses do ano.
Gomes de Almeida lembra, porém, que o volume de investimentos externos nesse setor ainda é baixo. De janeiro a maio, o ingresso de capital estrangeiro nessa área somou US$ 1,6 bilhão, puxado por investimentos na produção de minérios e metálicos.


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