São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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EUA veem ação desleal da China e recorrem à OMC

Governo americano, ao lado da UE, critica restrição ao acesso a matérias-primas

País restringe exportações de produtos como bauxita e zinco; medida, dizem EUA, favorece indústria chinesa e eleva preços no mercado


DA REDAÇÃO

Em um momento em que os países aumentam as medidas protecionistas para defender suas economias, os Estados Unidos, em conjunto com a União Europeia, ingressaram com uma reclamação contra a China na OMC (Organização Mundial do Comércio), na primeira ação desse tipo realizada pelo governo norte-americano desde que Barack Obama assumiu o poder, em janeiro.
Os EUA reclamam que a China impôs uma série de restrições à exportação de matérias-primas como bauxita, coque, manganês, magnésio e zinco, favorecendo a indústria do país asiático. Essa restrição (como cotas de exportação) traz duas grandes desvantagens para os produtores estrangeiros, dizem os EUA: 1) diminui o acesso a esses materiais; e 2) faz com que os preços desses itens subam nos mercados internacionais, ao mesmo tempo em que os industriais chineses têm acesso ao mesmo produto por uma cotação mais baixa.
"Nós estamos profundamente preocupados com o que parece ser uma política consciente para criar vantagens injustas para as indústrias chinesas que usam essas matérias-primas. Agora, mais do que nunca, temos que lutar contra esse tipo de favoritismo doméstico", afirmou o chefe do USTr (espécie de Ministério do Comércio Exterior americano), Ron Kirk.
As reclamações dos EUA não são novas -o país vem discutindo a questão com a China há mais de dois anos-, mas a decisão de levar o caso para a OMC foi acelerada pela recessão norte-americana, que já consumiu milhões de postos de trabalho. O primeiro passo da reclamação na OMC é uma consulta formal e, se as partes não resolverem o assunto em 60 dias, poderá ser estabelecido um painel de disputa no órgão.
A ação também é um reflexo do aumento de medidas protecionistas adotadas pelos países para proteger a indústria local neste período de crise global. Em março, o Banco Mundial disse que 17 dos 20 integrantes do G20 (grupo que reúne as maiores economias mundiais), entre eles o Brasil, adotaram medidas protecionistas desde novembro do ano passado, quando prometeram não recorrer a ações para dificultar o comércio com os outros países.
Os Estados Unidos, por exemplo, adotaram o "Buy American" (compre produto norte-americano), a controversa cláusula no pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões que exige que o ferro, o aço e os bens manufaturados das obras do plano sejam fabricados no país. Em contrapartida, a China criou o "Buy Chinese" para o seu pacote de US$ 585 bilhões, em que também protege a indústria local.
Kirk, quando foi sabatinado para o comando do USTr pelo Senado dos EUA, em março, disse que Brasil, China e Índia não podiam reclamar do "Buy American", já que adotam políticas semelhantes.

Com o "Financial Times"



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