São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

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Fundo agressivo escapa de turbulência

De meados de maio até 19 deste mês, os multimercados alavancados renderam 3,56%, contra 2,7% dos DI e de renda fixa

Aplicações, consideradas de risco, têm a possibilidade de provocar perdas maiores do que o seu próprio patrimônio

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aplicar dinheiro em fundos mais agressivos foi o que rendeu os melhores resultados aos investidores no período de turbulência que balançou o mercado financeiro global nos últimos dois meses.
Os fundos conhecidos como multimercados alavancados, sem renda variável, conseguiram se destacar e dar rentabilidades superiores às aplicações consideradas portos seguros, como fundos DI e de renda fixa.
Desde quando começou o período de volatilidade, em meados de maio, até o último dia 19, os multimercados alavancados sem renda variável conseguiram render, na média, 3,56%. Os fundos DI e de renda fixa deram retorno próximo de 2,7% no período. Há fundos multimercados com rentabilidade bem acima da média nesse período de turbulência. O Multimercado Centauro, do Bradesco, é um deles: subiu 15,62% no período analisado.
Os multimercados são fundos aptos a aplicar em diferentes segmentos do mercado financeiro: juros, câmbio, mercado futuro, dívida externa, renda variável e outros. Entre os multimercados, há os alavancados.
Um fundo é considerado alavancado sempre que há a possibilidade de registrar perdas maiores que seu patrimônio. Em outras palavras, alavancar uma aplicação significa investir em operações de risco que podem chegar a ser superior a seu patrimônio.
Por isso, o investidor deve tomar cuidado e buscar uma instituição financeira de confiança para aplicar em um fundo alavancado, pois, se as escolhas do gestor forem equivocadas, as perdas podem causar estragos consideráveis.
Levantamento do site Fortuna -especializado no acompanhamento do mercado de fundos de investimento- mostra que os multimercados se destacam em 2006 na categoria captação de recursos.
Considerando a diferença entre o dinheiro sacado e o aplicado, os multimercados registram captação líquida de R$ 12,34 bilhões no ano. Em segundo lugar, estão os tradicionais fundos de renda fixa, com R$ 11,15 bilhões. Os fundos de ações registram captação de R$ 1,25 bilhão em 2006.
"Com as turbulências atuais, que derrubaram a Bolsa, é normal que uma parcela dos investidores se assuste e venda ações para migrar para outras aplicações, como os multimercados", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Segundo estatísticas da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os multimercados contam hoje com patrimônio líquido de R$ 153,6 bilhões -ou quase 19% de toda a indústria de fundos. Como tamanho de categoria, fica atrás apenas dos fundos de renda fixa (patrimônio de R$ 331,1 bilhões) e dos fundos DI (patrimônio de R$ 167,6 bilhões).
Os fundos de renda fixa e DI são compostos por títulos públicos e privados que pagam taxas de juros, prefixadas ou pós-fixadas, dependendo do perfil da aplicação.

Ativos
Como os multimercados permitem que seus gestores apliquem em diferentes segmentos do mercado financeiro, exigem deles uma maior ação. Esses gestores têm de ser mais ativos, buscando em operações que englobam até o mercado futuro formas de fazer o capital do investidor render mais.
Assim, os resultados dos fundos variam bastante, dependendo da habilidade do gestor para antecipar as boas oportunidades de retorno que há no mercado.
Uma parcela dos multimercados, os "com renda variável", não teve um bom retorno médio entre meados de maio e a semana passada, registando perda de 0,71% no período.
Renda variável se refere basicamente a aplicações em ações.
Se comparado ao resultado do Ibovespa -o principal índice e referência da Bolsa, que reúne as 54 ações mais negociadas-, os multimercados com renda variável não foram tão mal. No período analisado, os fundos de ações atrelados ao Ibovespa registraram consideráveis perdas de 13,87%.


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