São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Europa sustenta recorde na balança

Saldo comercial com a União Européia cresceu US$ 2 bi no 1º semestre em relação ao mesmo período de 2006

Na comparação, a balança brasileira registrou metade do incremento; importantes parceiros, como os EUA e a China, apresentaram queda

Luiz Carlos Murauskas -28.fev.07/Folha
Navio deixa Santos com produtos para exportação; venda para a UE cresceu 32,2% no 1º semestre


VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O saldo comercial com a União Européia sustentou o recorde no superávit brasileiro do primeiro semestre de 2007, que atingiu a marca histórica de US$ 20,6 bilhões. A balança com a UE teve um aumento de US$ 2 bilhões ante os primeiros seis meses de 2006, chegando a US$ 6,3 bilhões. No período, a diferença entre as exportações e importações do Brasil teve alta de US$ 1,1 bilhão.
O comércio com o bloco europeu passou a corresponder a 30,1% do saldo total. No primeiro semestre de 2006, representava 22,0%. O Brasil passou a integrar a lista dos dez maiores parceiros comerciais da UE, segundo o Eurostat, instituto de estatísticas do bloco.
O crescimento do PIB europeu (2,9% em 2006), a valorização do euro em relação ao dólar e a pauta de exportações composta principalmente por commodities são as principais razões apontadas por analistas de comércio exterior ouvidos pela Folha para esse aumento.
As exportações para o grupo de 27 países cresceram 32,2%, já as importações aumentaram 25,7%. Ao mesmo tempo, houve queda nos saldos com importantes parceiros, como Estados Unidos (24,9%), Argentina (11,4%) e o G20 (10,6%) - grupo de países em desenvolvimento. De superavitárias, as trocas com a China passaram a registrar déficit no primeiro semestre, de US$ 295 milhões.
Para Carlos Urso, da LCA Consultores, o crescimento do PIB da UE nos últimos dois anos é um dos principais fatores para o aumento do superávit com o bloco. "Com isso, [a UE] passou a importar mais matérias-primas, insumos e alimentos, e um dos principais fornecedores [desses produtos] é o Brasil."
Ele também ressalta que os principais produtos, em receita, exportados pelo Brasil são de baixo valor agregado. Essa característica reduz o impacto da valorização do real sobre eles, permitindo que ainda sejam vendidos para o exterior a preços competitivos.
A boa cotação das commodities e a apreciação do euro em relação ao dólar -que reduz a perda de competitividade dos produtos brasileiros na Europa- são outros fatores que ajudam a explicar o bom resultado da balança comercial.
"A valorização do real frente ao euro é bem menor do que frente ao dólar", ressalta Leonardo Miceli, da Tendências.
Apesar das exportações para a China terem crescido 34,3% no primeiro semestre ante igual período de 2006, as importações tiveram crescimento de 49,1% e o saldo passou a ser deficitário. Urso destaca o aumento das importações de produtos eletrônicos como principal causa para o déficit.
O saldo comercial com os EUA caiu de US$ 4,5 bilhões no primeiro semestre de 2006 para US$ 3,4 bilhões no mesmo período de 2007. "O Brasil exporta muitos produtos industrializados para os EUA que sofrem mais competitividade. Em linha branca [fogões, geladeiras etc.], têxteis e calçados, por exemplo, nosso país perdeu espaço para a China."
Para o economista da LCA, o Brasil vive um momento de amadurecimento da diversificação de destinos, iniciada em 2002. "[A diversificação] reduz a volatilidade das exportações."
Na visão do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o país tem diversificado os destinos apenas para as commodities. "Crescemos ocupando o espaço de quem não tinha mais produto para entregar."
Seria o caso da carne bovina, que, de terceiro maior exportador, o Brasil passou a ser o primeiro, impulsionado, segundo ele, pela seca na Austrália e pelo mal da vaca louca nos EUA, tradicionais fornecedores. A liderança do país na exportação também é explicada pelo crescimento da demanda mundial.


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