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Estados mais
ricos perderão, diz tributarista
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As Zonas de Processamento de Exportações (ZPEs)
podem abrir brecha para aumentar a sonegação de impostos, vão agravar o caos tributário que já existe no país e
chegam com anos de atraso.
A crítica é de consultores tributários e de representantes
de entidades empresariais.
"É o espraiamento da Zona
Franca de Manaus para o
país todo. É um desastre porque se quebra a regra de ouro
da tributação, que é a da isonomia tributária. Estados
mais industrializados, como
o de São Paulo, devem ser os
mais afetados", diz Clóvis
Panzarini, consultor tributário e ex-coordenador da Administração Tributária da
Fazenda paulista.
Nessas zonas, as empresas
terão benefícios fiscais -não
haverá cobrança do Imposto
de Importação, IPI, Cofins,
PIS/Pasep -para produzir
para a exportação.
Mesmo com a alteração na
lei que cria as ZPEs -foi vetado o artigo que permitia
que as empresas pudessem
vender até 20% da produção
no mercado interno sem pagar impostos-, Panzarini
acredita que serão abertas
brechas para a sonegação fiscal. "Cada vez que se cria exceções no sistema tributário,
se cria mais problemas. Assim como existem enormes
ralos de sonegação na Zona
Franca de Manaus, devem
existir nas ZPEs. E, de lei em
lei, o "Frankstein tributário"
vai ficando a cada dia pior."
O ideal, segundo o consultor, é ter um sistema tributário mais "limpo" -que permita que qualquer unidade
produtiva possa exportar
sem qualquer imposto, "sem
um sistema de impostos cumulativos, como a CPMF,
com a unificação das regras".
Na opinião de Thomaz Zanotto, diretor do departamento de comércio exterior
da Fiesp (federação paulista
das indústrias), as zonas de
exportação trazem problema
de fiscalização. "Como vai se
fiscalizar que 20% da produção será importada ou exportada? O que se cria é brecha
para importar produtos sem
impostos. Estão, na verdade,
criando ZPIs, zonas de importação, e não ZPEs."
A lei das zonas de exportação, segundo Zanotto, é "extemporânea" e atende à
pressão política de outros
Estados que querem "repetir" a Zona Franca de Manaus. "Se o governo trabalhasse nas reformas tributária e trabalhista, as ZPEs não
seriam necessárias".
Para Ricardo Martins, diretor do departamento de
comércio exterior do Ciesp,
se a lei permitir o ingresso de
empresas de pequeno e médio porte nas zonas de exportação terá um aspecto positivo. "Os regimes que hoje
existem dão condições diferenciadas de importação e
exportação, só atingem as
grandes empresas."
A Secretaria da Fazenda
do Estado de São Paulo não
se pronunciou sobre a lei.
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