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Emprego reage pela primeira vez no ano
Desemprego nas 6 maiores regiões metropolitanas cai de 8,8% em maio para 8,1% em junho; alta do mínimo segura renda
Mas fato de menos pessoas buscarem emprego, desanimadas com a crise, ajuda a melhorar índice; para analista, pior já passou
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O mercado de trabalho está
longe de mostrar o vigor do ano
passado, mas já dá sinais de melhora: a taxa de desemprego das
seis principais regiões metropolitanas do país caiu para 8,1%
em junho, após ficar estagnada
nos cinco primeiros meses do
ano sob efeito da crise. Em
maio, havia sido de 8,8%.
O dado é mais um sinal de
que o pior da crise econômica
global já pode ter passado no
Brasil, tendência apontada
também em sondagens sobre a
confiança de empresários e
consumidores na economia.
Na média do primeiro semestre, a taxa de desemprego
foi de 8,6%, pouco acima dos
8,3% do mesmo período de
2008, diz o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Em junho, o desemprego recuou por dois motivos: aumentaram as contratações e
mais pessoas deixaram o mercado de trabalho.
Nesse último caso, uma das
hipóteses é o desalento, ou seja,
o desestímulo de procurar trabalho diante do cenário de crise. De maio para junho, o total
de pessoas ocupadas cresceu
0,8% (ou 164 mil pessoas), o
melhor desempenho desde outubro. Já a PEA (População
Economicamente Ativa), que
abrange empregados e desempregados à procura de trabalho,
cresceu só 0,2%.
Para Cimar Azeredo Pereira,
do IBGE, o mercado de trabalho teve sua "primeira melhora
significativa deste ano em junho".
O gerente da pesquisa do IBGE ressalta que o desemprego
caiu também por conta da menor procura por trabalho, o que
pode sinalizar o aumento do
desalento.
Os dados apenas de emprego
formal do Ministério do Trabalho já haviam apontado a tendência de recuperação, com a
geração de 119,5 mil postos em
junho.
Pior que 2008
Comparado com 2008, porém, o emprego ainda patina: o
número de pessoas ocupadas
oscilou negativamente 0,1%
ante junho de 2008, primeiro
recuo de toda a série, iniciada
em 2002.
"Foi um primeiro sinal de
melhora, mas ainda existem
mazelas. O mercado não ficou
imune à crise", disse Cimar Pereira. Ele citou o fraco desempenho do emprego industrial,
com queda de 5% na comparação com junho de 2008 -ou
menos 183 mil vagas.
Para Lauro Ramos, economista do Ipea, os dados da pesquisa mostram que os efeitos
"mais duros da crise estão ficando para trás", embora ela tenha deixado sequelas, como o
recuo do emprego ante 2008.
"O mercado tem se saído melhor do que se previa, mas é claro que a crise tem um custo",
diz o economista do órgão ligado ao governo.
Segundo Fábio Romão, da
consultoria LCA, o desalento
que ajudou a reduzir o desemprego em junho cederá nos próximos meses com o reaquecimento da economia.
Com mais pessoas à procura
de trabalho, ele estima que a taxa fechará, na média de 2009,
em 8,5% -acima dos 7,9% de
2008. "O pior já passou, mas
em 2009 o desemprego será
maior, o que é normal num ano
de crise", diz Romão.
Rendimento
A renda do trabalhador caiu
pelo quinto mês consecutivo
em junho, com retração de
0,3% em relação a maio. Apesar
da queda, o rendimento cresceu 3% na comparação com junho de 2008 graças à inflação
mais baixa e ao reajuste maior
do salário mínimo neste ano.
Para Romão, esse crescimento é um dos destaques da pesquisa e se mostrou expressivo
num período de crise. Na média
do semestre, o rendimento ficou em R$ 1.332, maior marca
para o período desde o começo
dessa série da pesquisa, em
2003.
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