|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCOSUL
Estimativa oficial para 99 passa de 1,5% para 3% de queda do PIB; governo culpa mercado mundial
Recessão argentina é mais profunda
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
O governo argentino admitiu
que a recessão do país será o dobro da anunciada anteriormente.
Depois de rever as estatísticas, o
Ministério da Economia anunciou que o PIB (total de riquezas
produzidas por um país) deverá
cair 3% este ano. A previsão anterior era de uma queda de 1,5%.
A decisão de rever o tamanho
da recessão foi tomada pelo ministro da Economia, Roque Fernández, depois que a recuperação
econômica esperada para o segundo trimestre do ano não aconteceu. O governo Menem contava
com uma melhora dos indicadores de produção ao longo do segundo trimestre, e uma reversão
completa da crise no segundo semestre.
Segundo dados do Indec (instituto de estatísticas oficial), a queda da produção industrial foi
maior no segundo trimestre que
no primeiro. As quedas foram,
respectivamente, de 11,4% e 8,4%.
Apenas no mês de junho a produção industrial caiu 12,4%, com relação ao mesmo mês do ano passado, segundo o Indec.
Para o próximo semestre, "os
indicadores de produção seguem
mostrando uma situação de estancamento", disse Rogelio Frigerio, secretário de Planejamento
Econômico.
De acordo com o documento, a
diminuição do ritmo de crescimento do mundo e a queda dos
preços internacionais dos produtos de exportação argentinos são
as principais causas do piora da
recessão.
Segundo os dados apresentados, este ano, o mundo deverá pagar 10% a menos pelos produtos
exportados pela Argentina.
Risco
Mas o secretário de Programação Econômica admitiu que o
crescimento do risco-país, por
questões internas, também influenciou o comportamento econômico.
Segundo ele, a taxa de juros paga pela Argentina cresceu mais
que proporcionalmente à taxa de
juros paga pelos demais países
emergentes.
O aumento das taxas de juros,
relacionado com uma crescente
incerteza sobre o futuro econômico da Argentina, fez com que os
fluxos de capitais, investimentos e
consumo diminuíssem no país.
Haverá eleição presidencial em
novembro, e os candidatos mais
fortes, incluindo o do partido do
presidente Menem, fazem críticas
à política econômica atual.
Com a atual estimativa de recessão, os números oficiais se aproximam das expectativas de consultorias privadas. Os principais
analistas argentinos estimam
uma queda do PIB entre 2,5% e
4% para este ano.
Hoje, o PIB argentino está próximo do nível de meados de 1997
e deverá continuar assim até o final do ano, já que o ministério espera crescimento zero no segundo semestre. Com relação ao início da década, houve um crescimento de cerca de 50%.
FMI
Segundo Frigerio, mesmo com
uma queda mais acentuada do
PIB, o mercado não precisa se
preocupar com um aumento do
déficit público. O secretário argentino afirma que não será necessário rever as metas estabelecidas com o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
A queda da arrecadação, que reflete sobre o déficit público, será
compensada pela entrada de recursos das vendas de concessões a
operadoras de celular, disse ele.
A meta de déficit público acertado com o Fundo é de US$ 5,1 bilhões. As principais consultorias
do país apostam que a Argentina
terá que negociar com o Fundo
um nova meta. As estimativas privadas variam de US$ 5,45 bilhões
a US$ 6,8 bilhões de déficit.
Texto Anterior: Brasil reage à restrição da Argentina a têxteis Próximo Texto: Opinião econômica - Joaquim Francisco de Carvalho: Quem ganha com a privatização da Cesp? Índice
|