São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001

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ELOGIOS DESCONFIADOS

Antônio Ermírio aprova discursos, mas não esconde preocupação

"Falar é fácil, fazer é mais difícil"

Lula Marques/Folha Imagem
Antônio Ermírio de Moraes e Jorge Gerdau Johannpeter conversam durante posse de Amaral


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os empresários presentes à posse de Sergio Amaral reagiram com entusiasmo aos discursos do presidente Fernando Henrique Cardoso e do ministro empossado, mas não esconderam a preocupação com a possibilidade de as promessas não serem levadas adiante por causa de uma possível resistência do Ministério da Fazenda.
"Raramente escutei dois discursos tão bons. A esperança cresce, mas é preciso trabalhar para que ela não desvaneça", disse Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim. "O discurso do embaixador me surpreendeu muito, foi um discurso de muito bom senso, espero que possa realizar tudo aquilo que falou, que não exista tanta oposição, porque falar é fácil, fazer é muito mais difícil", afirmou.
"Os discursos foram muito animadores, colocaram as coisas de forma realista, agora o importante é executar", afirmou Jorge Gerdau Johannpeter, do Grupo Gerdau.
"Gostei dos discursos, acontece que toda hora temos um novo ministro na área do desenvolvimento. Vamos ver se nesses 16 meses que ainda restam nós continuaremos com o Sergio Amaral, que é um homem competente, a exemplo do ministro Tápias, que fazia um trabalho excepcional. Ele mesmo se declarou um guerrilheiro na defesa da reforma tributária e não conseguiu vencer as resistências do Executivo", afirmou o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP).
"O Brasil precisa desesperadamente exportar. O governo precisa fazer um grande esforço, uma parte da tecnocracia brasiliense precisa entender a importância que há neste momento de criar um sistema de esforços cooperativos, uma parceria com o empresariado, que sabe quais são as dificuldades para colocar os produtos lá fora, onde há burocracia, onde incentivo é necessário, e começar já", afirmou o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva.
Se, por um lado, os empresários demonstraram um pouco de ceticismo em relação ao discurso oficial, por outro manifestaram a expectativa de que Sergio Amaral vença as resistências da equipe econômica à desoneração das exportações.
"Ele [Amaral" tem um grau de relacionamento com o presidente Fernando Henrique e com o ministro Malan que é muito importante nesse momento. Nós temos de estabelecer uma relação de parceria com o governo, porque temos pouco tempo. Nós vamos dar um grande voto de confiança ao ministro Sergio Amaral", resumiu Horacio Lafer Piva.

Taxa de juros
Empresários de vários setores disseram ontem, após cerimônia de posse de Sergio Amaral, que já esperavam que o governo interrompesse a sequência de alta na taxa básica de juros e mantivesse o índice nos atuais 19% ao ano.



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