São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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EM TRANSE

"Braço privado" do Banco Mundial finaliza acerto para o crédito de exportadores por intermédio das instituições

Itaú e Unibanco terão US$ 250 mi do Bird

Raphael Falavigna/Folha Imagem
O Ministro da Fazenda, Pedro Malan, em debate em São Paulo


MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O IFC (International Finance Corporation), braço do Banco Mundial que faz empréstimos ao setor privado, deverá aprovar em setembro a concessão de US$ 150 milhões para o Unibanco e outros US$ 100 milhões para o Itaú.
Os dois empréstimos financiarão exportações e importações de clientes dos dois bancos num momento em que bancos estrangeiros cortam drasticamente o crédito comercial para o Brasil.
Os financiamentos do IFC terão prazos de dois anos e poderão ser seguidos de um novo empréstimo para os dois bancos nacionais. "O projeto responde à necessidade de o Brasil obter financiamento ao comércio num momento de aversão mundial ao risco e iliquidez severa dos mercados no Brasil", diz documento do IFC que será apresentado à diretoria da instituição no dia 17 de setembro.
"Nesse ambiente, iniciativas multilaterais rápidas, como a que está sendo proposta, têm um papel importante não só em fornecer o financiamento necessário ao país, mas também o de melhorar o sentimento dos investidores."
O Itaú e o Unibanco são as únicas instituições financeiras brasileiras que já dispunham de linhas de médio prazo do IFC para repasse a seus clientes. Dessa forma, os empréstimos que estão sendo negociados puderam ser acertados em regime de urgência.
Segundo informou à Folha uma pessoa ligada às negociações, a possibilidade de um segundo empréstimo para cada um dos bancos terá como objetivo estimular bancos internacionais a manter linhas de comércio ainda abertas aos dois bancos brasileiros.
Os empréstimos para Itaú e Unibanco são um dos vários sinais de que o setor privado brasileiro (bancos e empresas) busca canais alternativos de financiamento internacional.
Os bancos brasileiros estão sendo pressionados por clientes que, nos últimos meses, têm sido obrigados a amortizar dívidas em dólar devido ao corte de linhas comerciais externas.
Para suavizar esse problema, o BC (Banco Central) e o BNDES anunciaram empréstimos de US$ 2 bilhões (cada um) para financiar exportações. Além disso, na segunda-feira, o presidente do BC, Armínio Fraga, se encontra com banqueiros privados americanos e europeus em Nova York a fim de tentar convencê-los a manter suas linhas de crédito ao Brasil.
Nos últimos dias, o Eximbank americano (banco de apoio às exportações) começou a avaliar um empréstimo de até US$ 2 bilhões para fomentar exportação de produtos americanos para o Brasil.
Embora esse não seja o perfil exato do financiamento desejado pelo governo brasileiro (porque, diferentemente das exportações, as importações aumentam a dívida em dólar do setor privado), a disposição do Eximbank mostra como a falta de dólares está afetando todas as pontas do comércio exterior brasileiro.


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