São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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Futuro presidente terá de voltar novamente ao Fundo, afirma Eris

DA REPORTAGEM LOCAL

Ibrahim Eris, ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Collor, disse ontem que, caso seja mantida a atual política de intervenções do BC, o próximo governo corre o risco de voltar ao FMI (Fundo Monetário Internacional) assim que assumir.
Os cálculos de Eris levam em conta a seguinte equação: as linhas de crédito para o Brasil, dadas as incertezas em relação ao rumo adotado pelo próximo governo, não serão restituídas ""nem até as eleições, nem depois nem nos primeiros meses de gestão".
Assim, prossegue o raciocínio, se quiser manter o dólar nos atuais níveis (""não falo de centavos, R$ 3,10, R$ 3,20, é tudo igual"), nos próximos 120 dias, o governo terá de gastar US$ 8 bilhões em intervenções. ""O BC tem feito isso hoje, nos últimos meses gastou em média US$ 2 bilhões/ mês para acalmar o mercado."
As reservas líquidas atuais, segundo Eris, são de US$ 17 bilhões, sem considerar os US$ 5 bilhões de piso mínimo. Até o final do ano, o governo teria que gastar US$ 3 bilhões com juros e amortizações de dívidas. Ou seja, ficariam US$ 14 bilhões, dos quais US$ 8 bilhões poderiam ser consumidos com intervenções. "Isso significa baixar as reservas líquidas para US$ 6 bilhões. Coitados dos que estão entrando agora. É praticamente jogá-los em uma conversa imediata com o FMI", afirmou o ex-presidente do BC.
"Se deixar o real flutuar livremente, vamos mexer com a saúde da economia, porque empresas não vão poder saldar dívidas. O segundo custo é a inflação. Mas são situações que em 180 dias ou um pouco menos podem ser solucionadas", concluiu Eris.
""O que o Ibrahim desenhou, como ele mesmo fez questão de ressaltar, é o pior cenário. Mesmo assim, ficam US$ 11 bilhões (de reservas líquidas, já somado o piso mínimo de US$ 5 bilhões) que são um valor considerável", respondeu depois Malan. (JAD)


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