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"RISCO-MENSALÃO"
Turbulência com denúncias envolvendo Palocci derrubou rentabilidade da aplicação e gerou saques a fundos
Renda fixa perdeu mais de R$ 3 bi na 6ª feira
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A sexta-feira turbulenta vivida
pelo mercado financeiro na última semana assustou investidores.
Quem mais sofreu foram alguns
fundos de renda fixa, que tiveram
pesados saques.
A elevação dos juros futuros de
prazos mais longos na sexta fez
com que a rentabilidade média
dos fundos de renda fixa ficasse
em 0,035% no dia -cerca da metade do retorno médio diário registrado em agosto (0,066%).
Nos cinco fundos de renda fixa
que mais perderam, os saques líquidos totalizaram R$ 3,75 bilhões. Como o mercado não repetiu nesta semana o péssimo desempenho de sexta, analistas dizem que não é hora de pânico e
que não deve haver uma onda de
saques generalizada, como ocorreu em outros períodos de crise.
"Tem havido uma realocação
interna na indústria de fundos,
com os investidores tentando se
antecipar e minimizar possíveis
perdas. Mas o importante é que o
dinheiro dos fundos não está fugindo, indo para dólares ou mesmo o exterior, como acontecia no
passado recente", afirma Emanuel Pereira, sócio-diretor da Gap
Asset Management.
As carteiras de muitos fundos
de renda fixa carregam boa quantidade de títulos públicos e privados prefixados. Papéis desse tipo
têm sua remuneração decidida
antecipadamente, na hora de sua
aquisição. Como os juros futuros
subiram consideravelmente na
sexta, acabaram por engolir parte
da rentabilidade de papéis prefixados com resgates mais longos.
Naquele dia, a taxa do contrato
DI (Depósito Interfinanceiro)
com resgate no fim de 2006 saltou
de 17,96% para 18,50% na BM&F.
Os fundos que tiveram fortes saques na última sexta não são de
varejo, enquadrando-se na categoria de exclusivos ou de investidores qualificados.
O mercado de renda fixa como
um todo teve captação líquida
(diferença entre saques e aplicações) negativa de R$ 3,12 bilhões
no dia 19. Os dados são os últimos
disponíveis no site Fortuna, especializado no acompanhamento
do mercado de fundos de investimentos.
"Em uma época de crise política
como a atual, é bem complicado,
pois ninguém sabe no que darão
as investigações das CPIs. É sempre uma incógnita o futuro no
curto prazo. Por isso, estar em
uma aplicação pós-fixada é mais
tranqüilo", afirma Sérgio Lima,
gestor da Mellon Global Investments.
Os fundos de curto prazo -que
carregam títulos de vencimentos
mais curtos que seguem a oscilação dos juros- registraram captação positiva de R$ 474 milhões
na sexta. Os DI, que têm boa
quantidade de títulos pós-fixados
em suas carteiras, captaram líquidos R$ 98 milhões no dia.
"De qualquer forma, a tendência é a de os investidores procurarem aplicações menos voláteis,
menos suscetíveis às turbulências
da crise, como os [fundos] DI",
avalia Lima.
Em 2002, o governo passou a
obrigar os gestores de fundos a
contabilizarem as variações diárias dos títulos que formam suas
carteiras. Naquela época, essa
obrigação fez com que muitos
fundos mostrassem rentabilidade
negativa e afugentasse investidores. Em junho de 2002, os fundos
tiveram espantosa fuga recorde
de recursos de R$ 21,6 bilhões.
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