|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO AR
Fundo americano negocia compra da Varig Log; operação, que envolve US$ 100 mi, precisa de aprovação da Justiça
Varig tenta vender empresa de transporte
JANAÍNA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em negociação financeira que
ainda espera aprovação da Justiça, a Varig pretende vender sua
empresa de transporte de cargas,
a Varig Log, ao fundo norte-americano Matlin Patterson Global
Advisors por US$ 38 milhões. Segundo a Varig, o número foi obtido após um "abatimento" de
US$ 60 milhões referentes a dívidas da empresa que serão pagas
pelo fundo comprador.
A operação também incluirá
um empréstimo de pelo menos
US$ 50 milhões, feito pelo fundo à
aérea e garantido por igual valor
em dinheiro que a brasileira tem a
receber de passagens parceladas
em cartões Visa. Quando a Visa
repassar os pagamentos, o fará diretamente ao fundo, que terá recebido seu dinheiro de volta.
A Varig pediu ao juiz da 8ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro,
que julgará a recuperação judicial
da companhia, autorização para
vender 95% das ações da Varig
Log. Ontem, o juiz intimou os credores da aérea para se manifestar
em 24 horas. Depois disso, o Ministério Público terá 48 horas para
opinar, e só então o juiz decidirá.
"No pacote como um todo, a
Varig fez o melhor negócio dentro
das limitações de prazo impostas
pela necessidade de caixa", disse
ontem o presidente da Varig,
Omar Carneiro da Cunha.
Com a operação aprovada, a injeção de recursos na companhia
será de US$ 48 milhões até o fim
do mês -desse valor, US$ 10 milhões já fazem parte do empréstimo que antecipa valores a receber
da administradora de cartões Visa. O total emprestado pelo comprador pode chegar a US$ 65 milhões, se a Varig julgar necessário.
Segundo a Varig, o objetivo da
venda é angariar recursos suficientes para atravessar a recuperação judicial. No mercado, há
críticas sobre os valores. A Varig
Log, que teve valor estimado pela
própria Varig em US$ 100 milhões, será vendida, ao final da
operação, por US$ 38 milhões.
Há rumores de que a FRB estimava o valor de venda em US$
300 milhões. Segundo o presidente do Conselho de Curadores da
FRB, Osvaldo Curi, o processo de
avaliação da Varig Log ainda se
encontra em andamento. "Temos
que aguardar os resultados da
avaliação da Ernest & Young
[contratada para a operação]."
Os US$ 60 milhões de abatimento, referentes a dívidas da
empresa, serão pagos diretamente aos credores. A Varig precisa
manter 5% das ações da subsidiária porque já as deu como garantia ao fundo de pensão de seus
funcionários, o Aerus.
Depois que o acordo for formalmente fechado dentro de um prazo estimado de 30 dias, a Varig receberá uma segunda parcela de
US$ 40 milhões. No total, a venda
da subsidiária e o empréstimo resultarão em uma entrada de verba
de pelo menos US$ 88 milhões.
A empresa quer usar esses recursos para pagar leasing de
aviões e salários dos funcionários
e para a manutenção. Segundo o
presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, a empresa tem
hoje "nove ou dez aviões parados", quando o normal seria ter
três ou quatro em manutenção.
Longo percurso
Além de ser autorizada pela Justiça do Rio, a operação precisa ser
aprovada pelo DAC (Departamento de Aviação Civil) e pelos
acionistas da Varig, principalmente a Fundação Ruben Berta,
que detém 87% das ações.
Na fundação, o projeto terá de
passar pela última instância de
decisão, que é o Colégio Deliberante, órgão formado por funcionários do grupo. Como a Ruben
Berta é uma fundação com sede
no Rio Grande do Sul, a empreitada ainda precisará do aceite da
Procuradoria de Fundações do
Ministério Público daquele Estado. A assembléia dos acionistas
da Varig deve ocorrer em 15 dias.
Para driblar o limite de 20% para a participação de estrangeiros
em companhias de aviação, o fundo americano criou uma subsidiária no Brasil, a Velo. Ainda não
há definição sobre o percentual
que ficará com o fundo.
A Varig Log tem 11 aviões. A Varig ainda vai definir junto à Infraero como ficarão os terminais
de carga da companhia. A subsidiária deverá continuar usando os
porões da Varig.
Com a operação, a Varig ganha
tempo para analisar se deve ou
não vender sua subsidiária mais
representativa, a VEM (Varig Engenharia e Manutenção), a maior
do ramo no hemisfério sul.
Segundo Carneiro da Cunha, a
VEM é uma empresa mais relacionada ao negócio principal da
Varig. "Nosso objetivo não é sair
totalmente da VEM, mas vender
uma participação. Com essa operação teremos tempo suficiente
para avaliar com mais calma e ver
quanto vamos vender."
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Companhia admite que deve demitir Índice
|