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Em meio à crise, agência eleva nota do país
Brasil fica a um degrau do chamado grau de investimento na escala da Moody's, que se iguala à de outras agências de avaliação de risco
Agência vê mais solidez nos fundamentos econômicos do país, mas nova melhora
da avaliação só deve ocorrer no ano que vem
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
A agência internacional de
classificação de risco Moody's
elevou ontem a nota soberana
do Brasil. Isso significa que, na
visão da Moody's, investir em
títulos da dívida brasileira trás
menos risco.
O Brasil está agora, na escala
da Moody's, a apenas um degrau do chamado "investment
grade" (grau de investimento).
Sem essa chancela, grandes
fundos externos não podem investir no Brasil. Com ela, o país
atrai mais investimentos.
Na classificação das outras
duas agências mais importantes -a Standard & Poor's e a
Fitch Ratings-, o país já tinha a
nota dada ontem pela Moody's.
As três têm sede nos EUA.
O governo vem pressionando
para acelerar a conquista do
grau de investimento, mas a
maioria dos analistas acha que
ela só virá em 2008.
Para Mauro Leos, analista sênior de crédito da Moody's, o
Brasil está no caminho certo do
desenvolvimento, porém avança lentamente. Assim, não se
deve esperar que o "investment
grade" venha tão cedo. "A perspectiva para a nota é estável.
Não prevemos nenhuma mudança logo", disse Leos à Folha.
"Foram feitos avanços importantes recentemente, e a
elevação reflete a melhora do
perfil da dívida. A porcentagem
de títulos prefixados é maior do
que a de atrelados à Selic, e os
prazos também estão maiores", disse Leos. "Além disso, a
queda dos juros ajuda a diminuir a dívida." Outros fatores
que pesaram na melhora foram
o aumento das reservas em
moeda estrangeira, a balança
de pagamentos favorável e o
crescimento maior do PIB
(Produto Interno Bruto).
O nível de "investment grade" é alcançado por países que
representam baixos riscos de
darem calote. Para os países
que chegam a esse nível, crescem as facilidades e caem os
custos no momento de buscar
empréstimos no mercado internacional. Entre os latino-americanos, países como Chile
e México já têm essa nota.
"A elevação da nota do Brasil
em si não surpreende. O que é
curioso é ter vindo em um momento de turbulências no mercado financeiro internacional",
afirma Alex Agostini, da consultoria Austin Rating.
Na opinião de Loes, os progressos já feitos deixam o país
preparado para enfrentar as
turbulências externas. "Se fosse o velho Brasil, a crise atual
teria tido conseqüências muito
mais graves. Ainda é cedo para
dizer, mas não há sinais de que
ela trará problemas sérios para
o novo Brasil. Daí se pode afirmar que há razão para otimismo", comentou. "Esta é a oportunidade para verificar se os
ajustes macroeconômicos realizados estão funcionando."
O "rating" -nota que ilustra
o risco nos empréstimos a determinado país- soberano de
longo prazo do país foi elevado
de "Ba2" para "Ba1".
Outra mudança anunciada
pela agência foi no teto soberano para os títulos em moeda estrangeira, que passou à categoria de "investment grade". O teto é uma referência que permite que empresas tenham uma
nota melhor que a dada ao governo do país. A Vale do Rio
Doce e a Petrobras, por exemplo, já atingiram o nível de "investment grade". Ontem foi a
vez de a AmBev também ser
elevada a esse patamar. Para os
investidores internacionais, isso significa que é mais seguro
investir em títulos dessas companhias que nos do governo.
Para o economista Rodrigo
Éboli, da Mellon Global Investments, uma nova elevação da
nota deve ocorrer apenas em
2008. "As agências ainda têm
de avaliar os efeitos das turbulências atuais e como elas podem alterar o cenário econômico mundial. Assim, uma elevação de rating vai demorar um
tempo ainda para acontecer
novamente", disse Éboli.
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