São Paulo, segunda-feira, 24 de agosto de 2009

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Fundos DI vivem o melhor mês do ano

Além de não sacarem recursos, investidores elevam aplicações nesses fundos sob a expectativa de que juros voltem a subir em 2010

Com o objetivo de pagar menos Imposto de Renda, investidores optam por não fazer resgates e mantêm as aplicações onde estão


DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de a taxa básica Selic estar em seu piso, a 8,75% anuais, os fundos DI atravessam seu melhor mês no ano. O máximo que os analistas esperavam é que os investidores mantivessem suas economias nessas aplicações -e não que aportassem novos recursos.
O resultado do mês passado, quando houve saques líquidos de R$ 56 milhões nos fundos DI, parecia muito mais ajustado ao cenário atual. Neste mês, até o dia 17, a captação estava positiva em R$ 1,55 bilhão. E, de acordo com operadores de corretoras, no dia 18 esse saldo continuou crescendo, superando R$ 2 bilhões.
"Para o brasileiro mudar de aplicação ou migrar para a poupança, como se temia, tem de haver diferenças mais gritantes entre as rentabilidades oferecidas. Com a diferença pequena que há hoje entre as aplicações, não é de surpreender que a principal opção tenha sido a de permanecer nos fundos e mesmo colocar mais recursos", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores.
O investidor mais informado também pode estar considerando a possibilidade de os juros começarem a subir gradativamente em 2010. O mercado futuro de juros projeta que a taxa Selic esteja em seu piso e que há grandes chances de ser elevada no próximo ano.
Como a cobrança do IR que incide sobre os fundos varia de acordo com o tempo em que a pessoa mantém a aplicação, muita gente deve ter preferido deixar suas economias paradas para pagar menos imposto no futuro. Quem resgata aplicações em fundos em até seis meses paga a alíquota máxima do IR, que é de 22,5%; já quem conserva os investimentos por mais de dois anos paga 15% de imposto.
"O governo saiu com aquele projeto estranho de taxar a poupança antes mesmo de haver migração de recursos e deve ter achado bom não ter sido obrigado a colocá-lo em prática. Como não vejo nenhuma alteração radical no mercado nos próximos meses, é provável que acabe não havendo mudança nas regras da poupança", afirma Carlos Daniel Coradi, da consultoria EFC.

Equilibrar disputa
O projeto anunciado pelo governo era passar a cobrar Imposto de Renda, a partir de 2010, das cadernetas de poupança com saldo superior a R$ 50 mil. Dessa forma, tentaria equilibrar a disputa, favorecendo os fundos.
Além de os fundos que pagam juros continuarem atraindo o investidor, os dados da Anbid mostram que os multimercados têm se tornado uma opção mais procurada. Os multimercados são fundos que têm como particularidade poder aplicar sua carteira em uma grande variedade de ativos -como títulos que pagam juros, ações e câmbio. Com isso, elevam as chances de ganhos, mas carregam maiores riscos. Neste mês, até o dia 17, os multimercados haviam captado R$ 3,83 bilhões.
(FABRICIO VIEIRA)


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