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Investidor prefere corretora independente
Das dez maiores corretoras do ranking Bovespa no varejo via "home broker", apenas duas são de grandes bancos
Para analistas, investidor de ações via internet busca mais agilidade e encontra estrutura mais adequada a seu perfil
em corretora independente
Alex Almeida - 5.out.08/Folha Imagem
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Investidores veem painel da Bovespa; corretora independente
predomina entre "home brokers"
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre as dez primeiras corretoras do ranking Bovespa por
volume no varejo via "home
broker" (sistema de negociação
de ações pela internet), oito são
independentes e duas são de
grandes bancos.
A líder do ranking, a Ágora,
foi comprada pelo Bradesco em
2007, mas permanece como
operação separada do banco.
Mesmo excluindo a Ágora, o
volume somado das sete independentes no varejo é superior
ao de corretoras dos dois bancos.
Já no ranking geral (que inclui varejo, clientes institucionais e mesa de operações), o
quadro é diferente. Destacam-
-se as corretoras ligadas a grupos estrangeiros e grandes bancos, que produzem pesquisa
para os gestores de investimento e fundos de pensão, os mais
atuantes nesse mercado.
Por que o investidor de fundos fica preso aos grandes bancos, em que tem conta-corrente, enquanto investidores de
ações procuram mais as corretoras independentes?
Para Eduardo Ippolito, diretor da corretora Banif, o investidor de "home broker" é mais
sofisticado, vai atrás das melhores taxas e de produtos com
mais tecnologia, de corretoras
mais ágeis.
"Os clientes nesse mercado
reclamam, são ativos, querem
informação", afirma Wlademir
Bidoy, superintendente-executivo da Bradesco Corretora,
única corretora de banco entre
as primeiras do ranking de varejo. Bidoy diz que algumas
corretoras incrementam seus
volumes ao trabalhar com autônomos, que giram carteiras
próprias, além das ordens de
clientes, o que não ocorre na
Bradesco Corretora.
Nas líderes do ranking, a taxa
de corretagem é cobrada por
ordem executada: R$ 20, na
Ágora, e R$ 5, na TOV. Na Bradesco Corretora, terceira colocada, a cobrança pela corretagem se dá conforme o valor
operado. Vai de 0,25% até a
quantia de R$ 50 mil, e cai para
a menor taxa, de 0,10%, para
valores a partir de R$ 1 milhão.
"Para quem opera muito, a
corretagem fixa, às vezes, sai
mais cara do que a cobrada pelo
percentual", diz Bidoy.
Para William Eid Júnior,
coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, como o investidor em ações busca
mais informações, as corretoras são "imbatíveis, têm estrutura mais próxima do investidor do que os grandes bancos".
"Estrutura de banco engessa
a corretora em termos operacionais. Torcemos para que o
Bradesco incorpore de vez a
Ágora", diz Carlos Fraga, diretor da TOV. "Para um banco, a
corretora é forte concorrente
para a "asset" [administradora
de recursos] dele."
"Com o aumento do número
de clientes, as taxas de corretagem cairão mais. As corretoras
brasileiras passarão a interessar
às grandes estrangeiras. Em
cinco anos, haverá muita consolidação no setor", prevê Fraga.
Para Eid Júnior, ao aplicar
em fundos, o cliente prefere o
seu banco, independentemente
da taxa de administração, principalmente porque busca segurança. "O grande banco transmite a impressão de maior segurança, que, claro, é fictícia,
porque fundos são só geridos, e
não possuídos pelo gestor."
Ao investir em ações, o cliente se permite correr mais riscos
e buscar alternativas. Além disso, o grande banco tende a ser
mais conservador ao aconselhar porque mexe com muitos
clientes, acredita Eid Júnior.
Para Marcelo Guterman, professor do Insper, o grande problema da taxa de administração
de fundos é a falta de concorrência. "O investidor fica preso
ao banco em que tem conta. É
difícil investir em outro banco
sem ter de abrir conta, com
aquela enxurrada de taxas."
O ideal, para o professor, seria haver "lojas" independentes
em que o investidor pudesse
comparar fundos de diversas
casas em um mesmo lugar e
consultores independentes de
investimento, pagos pelo serviço que prestam.
"Imagine se a consulta do
médico fosse de graça e ele recebesse dos laboratórios pelos remédios que prescrevesse (...).
Pois é o que acontece com os
bancos hoje." A publicidade das
taxas ajuda, segundo Guterman, mas não o suficiente.
"Basta ver o que acontece
com as taxas dos serviços dos
bancos. São relativamente
transparentes, mas não conheço ninguém que tenha mudado
de banco por uma taxa menor."
Para Eid Júnior, não falta
concorrência, mas sobra acomodação do investidor, que não
se esforça para ter conhecimento sobre onde investe. "O sujeito gasta um tempão vendo novelas, mas é incapaz de dedicar
uma hora por mês -e já seria
mais do que suficiente- para
analisar suas finanças."
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