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São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

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ENERGIA

Com empresa na disputa por linhas de transmissão, deságio médio é de 36%

Eletrobrás ganha 4 linhas em leilão

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Eletrobrás foi a grande vencedora do leilão de novas linhas de transmissão de energia elétrica realizado ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), na Bolsa de Valores de São Paulo, o que levou alguns participantes a reclamarem do caráter "estatizante" do leilão.
Dos sete lotes leiloados, totalizando 1.787 quilômetros de linhas, quatro foram arrematados por consórcios formados pela Eletronorte, Furnas, Chesf e Eletrosul, subsidiárias da Eletrobrás, em parceria com o setor privado.
Dois lotes ficaram com empresas espanholas -a Abengoa e a Control y Montajes Industriales Cymi, que têm 95% do consórcio Alhambra. Um lote foi arrematado por grupo privado nacional, o consórcio Lumitrans, formado pela Luminar, de Santa Catarina.
A presença da Eletrobrás na disputa resultou no deságio médio de 36%. Pelas regras da licitação, venceriam os participantes que apresentassem a proposta de menor receita anual para a prestação do serviço. Com o deságio, os vencedores abriram mão de uma receita equivalente a R$ 160,9 milhões anuais.
"Foi um leilão estatizante: as empresas do setor privado trabalhavam com o deságio médio de 12%, mas as estatais puxaram o preço para baixo", diz Célio de Oliveira, diretor da Cel Engenharia, participante do consórcio Goiás Energia, que perdeu a concessão para construir a linha de transmissão que irá de Londrina (PR) a Araraquara (SP).
O presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, admitiu que a participação das estatais no leilão "contribuiu para aumentar o deságio". Segundo José Mário Abdo, diretor-geral da Aneel, o deságio obtido no leilão foi equivalente à soma dos deságios de todos os leilões de quase 8.000 quilômetros de linhas de transmissão feitos pela agência desde 1998 até 2002.
A Eletrobrás foi proibida, por normas estabelecidas pelo governo anterior, de participar daquelas licitações, segundo Pinguelli. "Quem ganha com o leilão é a sociedade, que pagará tarifas mais baixas, pois o custo de transmissão de energia será o menor possível", diz Maurício Tomalsquim, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia.
As novas linhas de transmissão demandarão R$ 1,7 bilhão em investimentos e gerarão receitas anuais de R$ 249,2 milhões. O BNDES poderá financiar até 70% dos investimentos.


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