São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Governo prevê desaceleração das exportações globais em 2009

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto a maior parte do governo espera reflexos quase imperceptíveis da crise norte-americana no Brasil, o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, avaliou ontem que "ninguém sairá incólume" da turbulência e que as exportações de todo o mundo tendem a arrefecer em 2009.
"Ninguém sairá incólume de uma crise como essa, de outro lado haverá uma desaceleração das exportações mundiais", assinalou Barral.
Na terceira revisão da meta de exportações deste ano, o governo elevou ontem a estimativa de US$ 190 bilhões para US$ 202 bilhões. Em novembro passado, a primeira meta divulgada foi de US$ 172 bilhões.
A nova meta, que o mercado espera ver superada com folga, representa alta de 25,7% nas exportações em relação ao ano passado, quando o Brasil vendeu US$ 160,65 bilhões em produtos ao exterior.
Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio), as exportações mundiais cresceram 5,5% no ano passado em relação a 2006. Se confirmada a previsão do governo, as exportações brasileiras terão crescido mais do que as vendas de todos os países desenvolvidos e chegam a superar até mesmo as da China.
O governo espera que as exportações reduzam, até o fim do ano, o ritmo de alta de 27,7% -registrado de janeiro a agosto- para 22,2%. Nesse cenário, as exportações de 2008 serão US$ 41,35 bilhões superiores ao ano passado, alta de 25,7%.
Segundo Barral, o ajuste no câmbio leva "de 90 dias a 120 dias" para afetar as exportações e espera que o dólar mais caro ajude a competitividade da indústria brasileira no ano que vem. Já o analista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, estima exportações de US$ 208 bilhões neste ano.

Commodities
Ao traçar a nova meta de exportações, a equipe do Ministério do Desenvolvimento partiu da premissa de que as commodities vão continuar em alta neste ano.
Barral refutou a tese de que os preços vêm caindo e disse que, na verdade, as cotações estacionaram em patamares superiores aos do ano passado. Analisando os preços de exportação de 25 produtos, é possível verificar que todos apresentaram aumento, exceto o suco de laranja congelado.
Para Mateus Zanela, da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), "os preços das commodities agrícolas vão continuar elevados" no ano que vem.
Em relação à meta de exportações para 2009, Barral disse que é cedo para previsões.


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