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Remessa e importação elevam projeção para o déficit externo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Graças ao aumento nas remessas de lucros ao exterior e
ao crescimento das importações, o Banco Central elevou de
US$ 25 bilhões para US$ 28,8
bilhões sua projeção para o déficit em transações correntes
deste ano. O indicador contabiliza todas as negociações de
bens e serviços do Brasil com
outros países.
Até agosto, o saldo acumulado estava negativo em US$ 20,6
bilhões. Confirmada a estimativa do BC, será o primeiro déficit externo do país desde 2002.
Para 2009, espera-se déficit
maior -de US$ 33,1 bilhões.
O BC foi surpreendido tanto
pela balança comercial quanto
pelo volume de dinheiro enviado para fora do país por multinacionais instaladas no Brasil.
Em 2007, quando fez pela primeira vez as projeções para as
contas externas em 2008, a instituição estimava que as remessas de lucros fossem ficar em
US$ 16,8 bilhões. Ontem, essa
previsão foi revista pela quarta
vez, para US$ 33 bilhões.
"Vários setores estão remetendo para cobrir resultados
negativos de suas matrizes", diz
o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes,
ao se referir às remessas feitas
neste ano por bancos e montadoras de veículos. Juntos, esses
setores enviaram US$ 6,5 bilhões ao exterior entre janeiro
e agosto (mais 45% em relação
a igual período de 2007).
Já o superávit da balança comercial, que no ano passado era
estimado em US$ 34 bilhões,
deve ficar agora em US$ 25 bilhões, de acordo com nova previsão. Isso porque as importações, em vez de crescerem 16%
como previsto no final de 2007,
devem crescer 43% neste ano.
Em 2009, a situação deve se
agravar devido à queda ainda
maior no superávit comercial,
que, segundo o BC, deve ficar
em US$ 17 bilhões, o que explica boa parte do aumento do déficit em transações correntes
para US$ 33,1 bilhões.
Além disso, em 2009 é esperado volume maior de vencimentos da dívida externa, cujas
parcelas a serem pagas somam
US$ 28 bilhões (US$ 25,7 bilhões neste ano), já considerados os compromissos tanto do
governo como do setor privado.
Por outro lado, o economista
Antônio Corrêa de Lacerda,
professor da PUC-SP, ressalta
que também há fatores positivos a serem considerados nessa
análise. Um deles é a própria
desaceleração da economia
brasileira esperada para o ano
que vem, reflexo tanto do desaquecimento da economia mundial como dos recentes aumentos da taxa Selic.
Essa desaceleração, diz Lacerda, ajuda a conter as importações e impede um aumento
maior do déficit em transações
correntes. "O risco é o BC errar
a mão nos juros, o que poderia
levar a uma queda muito mais
forte no nível de atividade."
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