São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008 |
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Impacto na China será limitado, diz economista
Para Yuan Gangming, um dos mais influentes economistas do país, confiança de dirigentes nos investimentos nos EUA segue forte RELAÇÃO COM EUA A China só perdeu US$ 720 milhões com os títulos que tinha do Lehman Brothers. É bom que o país tenha investido tanto nos EUA porque não há muitas outras opções para suas reservas internacionais, de quase US$ 2 trilhões. Comparado ao euro, o dólar é bem mais importante. As economias da China e dos EUA são muito integradas e interdependentes, e a China aprendeu muito dos EUA em termos de mercado de capitais. DESACELERAÇÃO Há desaceleração, o que preocupa o governo, mas nada, nada que lembre recessão. Houve queda no crescimento da produção industrial de alto valor agregado, na construção civil e na inflação. O preço do aço caiu 30%, mas é sazonal. Há quem defenda que a China esteja numa bolha, que é bom mesmo desacelerar, mas eu discordo. Crescer 10%, 11% é necessário para o nosso estágio de desenvolvimento, de urbanização e migração em massa. BOLHA IMOBILIÁRIA Os preços do metro quadrado em boa parte do país são irreais. E são prova da enorme diferença entre ricos e pobres. Para os mais ricos, que preferem investir em imóveis que em ações, dá para comprar dez apartamentos. Mas a classe média e os mais pobres estão esperando os preços baixarem. O governo deveria controlar esses preços, mas não vai deixar que caiam muito para não deprimir a economia. A construção civil é um dos setores mais importantes da China. INFLAÇÃO A inflação foi só um susto. O preço da carne de porco aumentou 60% no ano passado, e isso criou uma reação em cadeia. Os camponeses achavam que o preço estava muito baixo e deixaram de criar suínos. Houve falta, o porco é base da nossa alimentação, e o preço disparou. Agora, estabilizou. ADEUS, BARATOS Concordo com a decisão do governo de deixar de apoiar a indústria de exportação de produtos baratos. Houve muitos incentivos, mas essa indústria continua a produzir material de baixo valor agregado, paga salários ruins e é muito poluidora. A China não precisa mais se sacrificar pela economia global. A Europa e os EUA começarão a pagar por tênis e têxteis valores mais reais, não o valor irrisório dos últimos anos. CRESCIMENTO FUTURO Não se deve temer pela crise na China. O país continuará a crescer por muitos anos, graças ao êxodo rural e à urbanização. Estamos vivendo uma transição, de deixar de ser uma economia baseada em exportações e investimentos para uma de consumo. Nos anos 1980, o chinês comprava muito quando a educação e a saúde eram responsabilidade do governo. Hoje ele economiza por não ter essa segurança, mas Pequim está investindo mais e mais em educação e saúde. Não vai demorar para que o chinês comece a gastar mais, sem medo do futuro. RESGATAR A BOLSA A recompra de ações determinada pelo governo chinês, de estatais e de bancos, é o que os investidores esperavam para garantir a confiança nas empresas. Apenas seguiu os passos de intervenção tomados por bancos centrais ocidentais. Texto Anterior: Artigo: Plano Paulson não é solução Próximo Texto: Frases Índice |
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