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CRÉDITO
Bancos terão acesso a perfil mais preciso de cliente; idéia é baixar juro
BC monta sistema para identificar bom pagador
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está praticamente pronta a nova central de risco de crédito do
Banco Central, que vai se chamar
Sistema de Informações de Crédito. A Folha teve acesso ao protótipo da nova central, que deve começar a funcionar até o final de
dezembro.
Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Sérgio Cavalheiro, com o novo sistema os bancos
vão "emprestar melhor", o que
contribuirá para reduzir os juros
cobrados dos bons pagadores.
Hoje, a central de risco de crédito do BC disponibiliza aos bancos
somente dados básicos dos clientes com operações de financiamento ou empréstimos em aberto (que ainda não venceram ou
que não foram pagos).
Os bancos lançam no sistema
do BC somente o valor emprestado, o prazo e quanto (se houver)
está em atraso. Antes de emprestar para um cliente, o gerente não
pode consultar, por exemplo, a
quantas outras instituições a pessoa deve, quantas operações de
empréstimo ela tem em curso
nem o tempo de inadimplência.
Além dessas informações, os
bancos também terão de lançar
no novo sistema em que praça o
cliente tomou o empréstimo, em
que modalidade de crédito (leasing, empréstimo pessoal, financiamento da casa própria), qual o
indexador (juros pós, prefixados,
variação do dólar etc.) e se há garantia, por exemplo.
Antes de conceder os empréstimos, os gerentes dos bancos poderão ter um quadro mais acurado do perfil do cliente. Para Vânio
Aguiar, chefe do departamento de
Supervisão Indireta do BC, isso
permitirá que as instituições cobrem taxas menores daqueles
com histórico de bom pagador.
No Brasil existe hoje somente o
que se chama de cadastro negativo dos consumidores. Os registros são apenas dos inadimplentes e não há um acompanhamento dos que são bons pagadores.
Os bancos não diferenciam
aquele que nunca tomou crédito
daquele que obteve empréstimos
várias vezes e sempre pagou em
dia. Além disso, para compensar
os prejuízos com os que atrasam
ou não pagam, os bancos cobram
juros mais altos de todos os demais clientes.
"Um dos grandes problemas
para os bancos oferecerem taxas
menores é a falta de informações
sobre os credores", disse Aguiar.
A idéia do BC é criar um cadastro positivo para mudar isso.
Uma vez que os bancos tenham
mais e melhores informações de
todos os clientes, poderão, em tese, reduzir o nível geral de inadimplência, emprestando menos
ou não emprestando para o mau
pagador, o que abriria espaço para cobrar menos juros do bom
cliente. "Se a inadimplência cair,
você poderá reduzir o "spread"
[diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada
dos clientes]", ressaltou Aguiar.
Os bancos poderão saber também desde quando a pessoa é
cliente de instituição financeira,
qual foi o maior empréstimo já
obtido por ela, se nunca esteve na
lista de inadimplentes etc.
Segundo Aguiar, países que
contam somente com cadastros
negativos dos clientes costumam
ter níveis de inadimplência bancária maiores do que os daqueles
que têm cadastros positivos.
A classificação de risco de crédito permanece como funciona hoje. Os bancos são obrigados a dar
notas de C (grande risco de calote) a AA (excelente pagador) para
cada operação de empréstimo ou
financiamento acima de R$ 5.000.
O BC gastou R$ 3 milhões para
desenvolver o novo sistema.
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