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FIM DO SUFOCO?
Presidentes de grupos econômicos criticam indefinição de marcos regulatórios, juros altos e entraves burocráticos
Governo pede investimentos a empresários
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo reuniu ontem de manhã 13 empresários de diferentes
setores para pedir que façam mais
investimentos no Brasil e acreditem na política econômica.
A Folha apurou que os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) disseram aos empresários que o ajuste das contas públicas foi feito, a inflação está sob
controle e estão dadas as condições para o crescimento.
"Começa uma nova fase", disse
Dirceu, pedindo em seguida que
os empresários invistam no país.
Outros encontros desse tipo serão organizados, inclusive com a
presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é tentar fazer com que a economia real
cresça. Lula se preocupa com a alta taxa de desemprego, a queda da
renda dos trabalhadores e a demora da reação da economia real.
A reunião, que aconteceu na
Casa Civil, serviu também para
que os ministros dessem um recado aos empresários. Houve pedido para que não olhassem para
trás, numa alusão a uma eventual
remarcação de preços no fim do
ano levando em conta a inflação
passada -taxa maior do que a
previsão de inflação futura.
Os ministros disseram que a
PPP (Parceria Público-Privada) é
uma demonstração de que o governo deseja incentivar o ingresso
de capital privado em obras de infra-estrutura, garantindo-lhes retorno econômico.
Os empresários manifestaram
apoio à política macroeconômica,
mas criticaram a demora na definição de medidas essenciais à retomada do crescimento. Entre
elas, a falta de marcos regulatórios, a suposta demora do Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na análise de
processos e entraves burocráticos
no comércio exterior. Eles também criticaram a escassez de financiamento ao setor privado,
agravada pelos juros altos.
Mas os empresários, em sua
maioria presidentes de multinacionais, concordaram em que o
pior já passou. Para eles, o governo conquistou a confiança do
mercado e o passo seguinte seria a
retomada do crescimento.
Pronunciamento
Palocci avisou que fará hoje
pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV. A Folha
apurou que foi suavizada a preocupação com a inflação. Depois
de o jornal ter publicado no domingo que Palocci faria apelo aos
empresários para não remarcar
preços, houve reação negativa do
mercado, que enxergou temor do
governo com a inflação.
Palocci alterou o texto original,
dando-lhe caráter otimista. Será
nas conversas reservadas com
empresários que o ministro adotará discurso mais aberto contra a
remarcação de preços. Apesar de
negar de público, essa é uma
preocupação do governo.
O governo teme, por exemplo,
baixar demais os juros e ser obrigado a elevá-los no fim do ano, caso haja pressão inflacionária. Isso
é tudo que o presidente não quer.
Participaram da reunião os seguintes empresários: Josmar Verillo (Alcoa), Noberto Odebrecht
(Construtora Odebrecht), Ivan
Zurita (Nestlé), Sergio Barroso
(Cargill), Mario Alves Barbosa
Neto (Bunge), Marcos Queiroz
Galvão (Construtora Queiroz
Galvão), Ivoncy Ioschpe (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), José Augusto
Marques (Associação Brasileira
de Infra-Estrutura e Indústria de
Base), Fernando Machado Terni
(Nokia), Luiz Carlos Cornetta
(Motorola), Carlos Augusto Lira
Aguiar (Aracruz), David Feffer
(Suzano Holding) e Armando
Monteiro Neto (CNI).
Colaborou Guilherme Barros,
editor do Painel S.A.
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