|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Analistas apóiam a medida, mas duvidam de sua eficácia
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de câmbio recebeu bem o anúncio do arsenal
de US$ 50 bilhões do BC em
oferta de títulos que oferecem a
variação do cambial, mas mostrou dúvidas quanto à eficácia
do instrumento para conter a
apreciação da moeda americana. A maior dúvida é se esse instrumento terá impacto na reabertura das linhas de crédito
aos exportadores. São eles que,
de fato, trarão dólares ao país.
Para o consultor Emilio Garofalo, ex-diretor do BC, será
difícil o BC acertar rapidamente em meio a um ambiente externo ruim. Garofalo afirma
que o leilão de linhas externas
para financiar o exportador,
feito na segunda-feira, foi um
fracasso por ter regras apertadas de garantias e de prazos,
que deverão ser revistas. "Está
faltando engrenar um mecanismo para ajudar o exportador.
Isso está muito lento", disse.
Para o consultor Nathan
Blanche, sócio da Tendências, o
BC também tem de criar condições para os exportadores retomarem seus negócios. Blanche
vê um potencial de fechamento
de contratos de exportações de
US$ 20 bilhões nos próximos
meses. "O único instrumento
efetivo para reduzir a taxa de
câmbio e desmontar esse
"overshooting" [variação exagerada] é com uma oferta líquida
de câmbio. Ou você vende US$
50 bilhões à vista e perde reservas ou oferece linhas de crédito
para o exportador. Porque o exportador é o único que gera dólares", disse.
Para Sidnei Nehme, da corretora NGO, o anúncio ontem dos
US$ 50 bilhões foi importante
para o mercado dimensionar o
tamanho da "arma" do BC contra a variação do câmbio. Nehme lembra que a expectativa
era que a autoridade monetária
utilizasse no máximo US$ 23
bilhões, volume aproximado
dos títulos usados no passado
para conter a queda do dólar.
Como já foram colocados US$
13 bilhões, o mercado via apenas US$ 10 bilhões de munição
para estancar a alta. "Mas se a
oferta for em conta-gotas, não
vai ter efeito", diz Nehme.
Para Sergio Vale, economista
da MB Associados, a medida
deve ajudar a diminuir a volatilidade, mas não vai acalmar totalmente o mercado até ficar
claro o montante de perdas
com o câmbio das empresas.
"Até ficarem claras todas as
perdas com derivativos cambiais e o mercado lá fora acalmar, o câmbio deverá ficar
pressionado, pelo menos, até
novembro."
Texto Anterior: Tesouro muda estratégia de negociar títulos Próximo Texto: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Da marola ao tsunami Índice
|