São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Brasil jogará no ataque para vencer a crise, diz Lula

Presidente ataca oposição, por criticar MP 443, e bancos, pela falta de crédito

Em entrevista no Itamaraty, ele diz que não há "razão para que os bancos parem abruptamente qualquer política de financiamento"

Alan Marques/Folha Imagem
MAIS CERVEJA
Ao receber o governador Jaques Wagner (PT-BA), Lula disse aos fotógrafos: "Vocês não vão parar de tomar cerveja por causa da crise. Continuem aproveitando os prazeres da vida"


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em entrevista na tarde de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a oposição, alfinetou os bancos pela falta de crédito e argumentou que as medidas contra a atual crise não têm efeito imediato.
Diante do atual cenário econômico, utilizou uma expressão futebolística para defender a ousadia brasileira. "Eu aprendi, mais uma vez falando de futebol, que a melhor defesa é o ataque. E neste momento o Brasil tem de ir para o ataque e fazer as coisas acontecerem."
O presidente falou um dia após ter editado a medida provisória que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprarem bancos e empresas em dificuldades.
"Serão feitas quantas medidas forem necessárias", disse Lula, ao ser questionado sobre a repercussão negativa da MP no Congresso, em especial entre os opositores.
"Eu não posso ficar preocupado com os gritos da oposição. Porque tudo o que a oposição deseja é que o Brasil entre numa crise profunda, para eles poderem ter razão nos discursos deles", completou.
Lula respondeu às perguntas da imprensa no Itamaraty, após almoço com o rei da Jordânia, Abdullah 2º bin al Hussein. Ele demonstrou incômodo quando indagado sobre os efeitos práticos das medidas.
"Se eu pudesse fazer uma medida provisória e resolver o problema no dia seguinte, certamente eu estaria contratado para resolver o problema da crise mundial. A medida provisória tem, primeiro, o cuidado de ser muito cautelosa; ela permite que a gente vá resolvendo os problemas na medida em que eles estejam acontecendo, antecipando alguns problemas", disse Lula.
O presidente voltou a dizer que obras de infra-estrutura e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não serão interrompidas ou perderão verbas por conta do atual cenário econômico. "As medidas que nós tomamos foram medidas meditadas, pensadas de forma muito articulada."
A falta de crédito no mercado é a principal preocupação de momento de Lula. Na entrevista, ele alfinetou os bancos ao tratar desse tema. "Esse [falta de crédito] é um problema que nós temos. E aí o ministro Guido Mantega [Fazenda] e o presidente do BC [Henrique Meirelles] já têm a orientação de chamar os bancos, que têm responsabilidade concreta, e conversar com os bancos, porque não há nenhuma razão para que os bancos parem abruptamente qualquer política de financiamento. Nenhuma."
Luta também criticou a metodologia usada por instituições internacionais para a definição do risco-país. "Confesso a vocês que fico extremamente irritado, quando vejo a notícia no jornal, de que o risco Brasil cresceu, quando, na verdade, o que deveria crescer era o risco da Inglaterra, era o risco da Alemanha, era o risco dos Estados Unidos. Porque foi lá que o sistema financeiro quebrou, foi lá que teve o problema", disse.


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