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CNI pode ir à Justiça
contra regra
sobre seguro de
acidente
Entidade vê taxação nova e maior "custo Brasil";
governo diz que regra não será adiada ou revogada
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) ameaça detonar uma avalanche de ações na
Justiça contra a medida do governo que estabelece novas regras para pagamento do SAT
(Seguro Acidente de Trabalho)
pelas empresas a partir de janeiro. Segundo a entidade, a
saída judicial será adotada caso
negociações diretas com o presidente Lula não surtam efeito.
A partir de 1º de janeiro de
2010 entrará em vigor o FAP
(Fator Acidentário de Prevenção), que garantirá redução de
alíquotas às empresas que investiram na segurança do trabalhador e reduziram o número e a gravidade de acidentes.
Para as empresas que apresentaram piora nos números, haverá aumento de contribuição.
O FAP será aplicado sobre as
atuais alíquotas do seguro, que
são de 1%, 2% e 3% sobre a folha
de pagamento da empresa.
A CNI argumenta que, além
de aplicar o FAP, o governo
reenquadrou os setores da economia nas alíquotas do seguro.
Somente esse rearranjo levará
pelo menos 600 mil empresas a
pagar mais. "Isso é aumento do
"custo Brasil". É uma tributação
nova. É uma situação estapafúrdia", afirmou o presidente
da entidade, deputado Armando Monteiro (PTB-PE).
Para a confederação, a metodologia aplicada pela Previdência é "problemática, sem transparência e injusta". Além disso,
diz que há erros na forma de
cálculo para apurar o valor devido por empresa. "É uma medida arrecadatória e com problemas metodológicos", afirma
o gerente de Relações do Trabalho da CNI, Emerson Casali.
O advogado Wladimir Novaes Martinez, especialista em
legislação previdenciária, concorda que o mecanismo adotado pelo governo para calcular o
FAP é muito complicado.
Para Martinez, a Previdência
deveria "adiar, repensar e simplificar o mecanismo". Para ele,
a tese da Previdência -quem
não investe em prevenção de
acidentes tem de pagar mais-
está correta. "Mas o processo
deveria ser mais transparente."
Sem adiamento
O Ministério da Previdência
argumenta que o objetivo das
novas regras não é aumentar a
arrecadação com o seguro, pois
o sistema atualmente é deficitário e assim continuará no
próximo ano. "A CNI está roendo a corda. A metodologia foi
discutida com eles e aprovada
com o apoio deles", afirma o diretor de Saúde e Segurança
Ocupacional do ministério, Remígio Todeschini.
O secretário de Previdência
Social, Helmut Schwarzer, declarou que o governo não vai revogar ou adiar as novas regras,
como quer a CNI. Ele explicou
que o governo limitou-se a verificar quantas empresas serão
bonificadas ou punidas com a
aplicação do FAP.
Pelos dados, 72.628 empresas terão acréscimo de alíquota
e outras 879.933, redução. "O
problema é que 20 mil empresas ligadas à CNI estão nessa
lista das 72 mil. Por isso, a CNI
está fazendo esse jogo de cena."
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