São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

Texto Anterior | Índice

VIZINHO EM CRISE

Depósitos na Argentina só poderão ser sacados após publicação da medida, prevista para dezembro

Liberação de saques ainda deve demorar mais uma semana

DE BUENOS AIRES

Os argentinos terão que esperar mais uma semana para sacar os depósitos a vista -conta corrente e poupança- que estão congelados nos bancos. Na sexta-feira, o ministro Roberto Lavagna (Economia) anunciou que os recursos estariam liberados a partir de amanhã, mas a liberação depende da publicação da medida e deve ocorrer apenas na próxima segunda-feira.
A liberação ocorrerá um ano depois da medida, conhecida como "corralito", que foi adotada no dia 3 de dezembro do ano passado para conter uma corrida bancária que ameaçava com a quebra do sistema financeiro. Ainda ficarão retidos nos bancos os recursos depositados em fundos de prazo fixo, que foram retidos em janeiro deste ano.
A medida liberará cerca de 21 bilhões de pesos (US$ 5,9 bilhões). A expectativa do governo é que ela não cause inflação ou corrida por dólares, o que poderia desestabilizar a economia.

Inflação
O primeiro receio dos economistas era uma disparada da inflação. Primeiro por conta de um aumento exagerado no dinheiro em circulação. Segundo pelo efeito nos preços dos importados, que poderiam subir caso os correntistas sacassem os recursos e tentassem trocá-los por dólares.
A inflação parece ter saído da agenda de preocupações do governo. Depois de terem subido mais de 40% desde o início do ano, os preços estancaram. Em outubro, o índice de preços ao consumidor subiu apenas 0,2%. Com uma recessão que deve fazer a economia encolher 12% neste ano, os economistas acham improvável que a procura por bens e serviços cause uma elevação dos preços -não haveria renda nem recursos suficientes para isso.

Corrida bancária
Outra restrição à liberação dos recursos era o risco de que ela poderia causar uma corrida bancária e desestabilizar o sistema financeiro. Mas os últimos indicadores dos bancos mostram que há uma recuperação da confiança no sistema, ainda que pequena.
Os argentinos voltaram a depositar dinheiro e a investir em fundos de prazo fixo. Nos últimos meses, o teto para saques de recursos presos era de 2.000 pesos mensais. Outra parte dos recursos foi liberada por liminares judiciais -o Banco Central estima que em novembro foram liberados 500 milhões de pesos devido às liminares. Mas os recursos que aos poucos foram liberados voltaram para os bancos.


Texto Anterior: Mudança de hábito: Preço aumenta e comida diminui
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.