FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

Depois de passar todo o dia de ontem reunidos, os juízes Luiz Roberto Ayoub, Paulo Fragoso e Márcia Cunha, das Varas Empresariais do Rio, determinaram que os credores da Varig terão 24 horas para decidir quem comandará a companhia, que está em recuperação judicial. Na sexta-feira passada, a Fundação Ruben Berta, que detém 87% do controle da Varig, afastou David Zylbersztajn e seu time de "notáveis" do comando da companhia.
Como os credores não foram consultados pela Fundação sobre a mudança, os juízes queriam suspender a decisão, o que reconduziria Zylbersztajn ao controle da Varig. No entanto, advogados da Fundação informaram aos juízes que Zylbersztajn assinou uma carta de renúncia e que, dessa forma, não poderia reassumir o posto na Varig por meio de decisão judicial. Os sindicatos de aeronautas e aeroviários também se manifestaram contra a volta de Zylbersztajn e ameaçaram paralisar a Varig.
Executivos que acompanham o processo disseram que a consultoria Deloitte também recomendou a recondução de Zylbersztajn ao conselho da Varig. A Deloitte assumiu a administração judicial da Varig no lugar de João Cysneiros Vianna.
Pela proposta da Deloitte, Zylbersztajn e seus colegas ficariam na Varig até 19 de dezembro, data da assembléia de credores que aprovará ou não o plano de recuperação.
No entanto a Fundação, que acumulou uma série de divergências com Zylbersztajn, quer impedir o executivo de voltar para a companhia. Como não havia consenso entre as partes, os juízes teriam deixado a decisão sobre o futuro do comando da Varig com os credores.
O presidente do fundo Aerus, o principal credor da Varig, Odilon Junqueira, criticou o resultado da reunião. "Não há tempo hábil para os credores se reunirem e tomarem essa decisão."
Procurado pela Folha, Zylbersztajn disse que tem um "compromisso de confidencialidade" que o impede de comentar o assunto.
Antes dessa reviravolta, o novo presidente da Varig, Marcelo Bottini, chegou a nomear ontem dois funcionários de carreira para as diretorias de vendas e de operação de vôo: Carlos de Oliveira Muzzio e Marcus Prata, respectivamente.
Prata entrou no lugar de Miguel Dau que pediu anteontem para se afastar da vice-presidência técnica e operacional. Muzzio substituirá Bottini, que também acumulava a vice-presidência com a diretoria comercial da Varig.
Com a promoção de Bottini a presidente e a saída de Dau, a Varig eliminou de sua estrutura o cargo de vice-presidente. Agora, os diretores passam a se reportar diretamente a Bottini e ao conselho da Varig, presidido por Humberto Rodrigues Filho.


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