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OMC prepara nova reunião em dezembro
Lamy reúne embaixadores em Genebra; Brasil pode ceder em negociação para convencer argentinos
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Com o aumento da pressão
política devido à crise, a OMC
(Organização Mundial do Comércio) prepara nova reunião
de ministros em dezembro. O
objetivo é definir o núcleo de
um acordo da Rodada Doha,
após sete anos de negociações.
Ainda há, no entanto, muita
resistência. Um dos países que
não escondem a insatisfação é a
Argentina, que hoje apresentará nova proposta na área industrial. Se os argentinos mantiverem a resistência, será uma repetição da falta de sintonia com
o Brasil ocorrida na última reunião ministerial, em julho.
Ontem o diretor-geral da
OMC, Pascal Lamy, reuniu cerca de 30 embaixadores na sede
da entidade, em Genebra, para
discutir a possibilidade do encontro em dezembro. A idéia é
fortemente apoiada pelo Brasil.
A impressão geral é a de que a
reunião acontecerá, embora
ninguém aponte progressos
desde julho, quando uma maratona de nove dias de negociações terminou em impasse. O
processo, porém, ganhou nova
dinâmica depois que a cúpula
do G20, reunida em Washington, determinou que seja feito
esforço renovado para que haja
um desfecho até o fim do ano.
Segundo um alto funcionário
da OMC, a pressão política é
sem precedentes. O impulso
para concluir em dezembro as
bases de um acordo global de
comércio foi reforçado ontem
pelos 21 líderes do fórum da
Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Peru.
No encontro dos embaixadores com Lamy, Alberto Dumont, representante da Argentina, não escondeu seu ceticismo. Para ele, um acordo em dezembro sobre modalidades em
agricultura e indústria "é totalmente inalcançável". O país resiste a abrir sua indústria e exige cortes menores nas taxas de
importação para protegê-la.
Em julho, quando o Brasil
aceitou o pacote de Lamy, uma
das possibilidades levantadas
para dobrar a resistência da Argentina foi a de uma solução interna do Mercosul. O Brasil poderia até ceder aos argentinos
parte de seu direito de proteger
setores sensíveis. Agora, o Itamaraty já pensa em ressuscitar
a idéia, para tentar salvar Doha
-e a paz e a união no Mercosul.
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