São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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OMC prepara nova reunião em dezembro

Lamy reúne embaixadores em Genebra; Brasil pode ceder em negociação para convencer argentinos

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Com o aumento da pressão política devido à crise, a OMC (Organização Mundial do Comércio) prepara nova reunião de ministros em dezembro. O objetivo é definir o núcleo de um acordo da Rodada Doha, após sete anos de negociações.
Ainda há, no entanto, muita resistência. Um dos países que não escondem a insatisfação é a Argentina, que hoje apresentará nova proposta na área industrial. Se os argentinos mantiverem a resistência, será uma repetição da falta de sintonia com o Brasil ocorrida na última reunião ministerial, em julho.
Ontem o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, reuniu cerca de 30 embaixadores na sede da entidade, em Genebra, para discutir a possibilidade do encontro em dezembro. A idéia é fortemente apoiada pelo Brasil.
A impressão geral é a de que a reunião acontecerá, embora ninguém aponte progressos desde julho, quando uma maratona de nove dias de negociações terminou em impasse. O processo, porém, ganhou nova dinâmica depois que a cúpula do G20, reunida em Washington, determinou que seja feito esforço renovado para que haja um desfecho até o fim do ano.
Segundo um alto funcionário da OMC, a pressão política é sem precedentes. O impulso para concluir em dezembro as bases de um acordo global de comércio foi reforçado ontem pelos 21 líderes do fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Peru.
No encontro dos embaixadores com Lamy, Alberto Dumont, representante da Argentina, não escondeu seu ceticismo. Para ele, um acordo em dezembro sobre modalidades em agricultura e indústria "é totalmente inalcançável". O país resiste a abrir sua indústria e exige cortes menores nas taxas de importação para protegê-la.
Em julho, quando o Brasil aceitou o pacote de Lamy, uma das possibilidades levantadas para dobrar a resistência da Argentina foi a de uma solução interna do Mercosul. O Brasil poderia até ceder aos argentinos parte de seu direito de proteger setores sensíveis. Agora, o Itamaraty já pensa em ressuscitar a idéia, para tentar salvar Doha -e a paz e a união no Mercosul.


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