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ENTREVISTA DA 2ª
ELIANA TRANCHESI
Cliente não tem mais dinheiro para jogar fora
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas duas primeiras semanas
de outubro, as vendas na Daslu,
a maior butique de luxo do país,
caíram pela metade. O impacto
da crise financeira internacional atingiu o caixa da loja vinte
dias após a quebra do banco
norte-americano Lehman Brothers, em setembro deste ano.
"Todo mundo estava muito
apreensivo. Os maridos estavam nervosos, ninguém sabia o
que ia acontecer. As mulheres
não se sentiam confortáveis de
virem para a loja gastar. É como
quando estoura uma guerra.
Você pára e espera: será que todo mundo vai quebrar?", diz a
empresária Eliana Tranchesi,
uma das sócias da Daslu.
Após o "susto inicial", os
clientes começaram a retornar,
e os resultados de outubro ficaram 15% abaixo da meta estipulada, o que é motivo de comemoração para a empresária.
"Conseguimos uma vitória porque, em todo o país, outras empresas e o comércio em geral
estavam em dificuldades muito
maiores." Em novembro, com a
proximidade das festas de final
de ano, as vendas voltaram a
aumentar, segundo afirma.
Para 2009, as projeções ainda não foram finalizadas. No
ano passado, a Daslu faturou
R$ 250 milhões e espera neste
ano chegar aos R$ 321 milhões
com a nova loja no shopping Cidade Jardim e exportações.
A empresária diz já que prepara medidas -como a redução
da oferta de produtos importados e de estoques- para enfrentar a retração nas vendas.
Há 15 dias, a Daslu lançou,
em parceria com o banco Safra,
cartão de crédito exclusivo para
as clientes, que poderão parcelar compras em 12 vezes. Leia a
entrevista com Tranchesi.
FOLHA - A crise chegou à Daslu?
ELIANA TRANCHESI - Quando houve a quebra do primeiro banco,
o Lehman Brothers, foi muito
difícil. Nas duas primeiras semanas de outubro, nosso faturamento caiu pela metade. Todo mundo estava muito apreensivo; os maridos, muito
nervosos. Ninguém sabia o que
ia acontecer. As mulheres não
se sentiam confortáveis de vir à
loja gastar. É como quando estoura uma guerra. Você pára e
espera: será que todo mundo
vai quebrar? As duas últimas
semanas de outubro foram melhores. No final do mês, tivemos uma queda de 15% em relação à meta projetada.
FOLHA - Haverá impacto nos resultados deste ano?
TRANCHESI - Novembro foi um
arraso. A loja está lotada. Teve o
lançamento da coleção de alto
verão no dia 4, além de uma semana maravilhosa com a Fórmula 1. O faturamento deve
crescer neste ano. [Em 2007 foram R$ 250 milhões, incluindo
R$ 5 milhões de exportação;
neste ano, devem ser R$ 321
milhões, incluindo R$ 45 milhões da loja no Cidade Jardim
e R$ 6 milhões de exportação.]
FOLHA - Qual a previsão para
2009? Haverá retração nas vendas?
TRANCHESI - Não fechamos ainda a projeção. O que sinto é que
a cliente não tem mais dinheiro
para jogar fora. Com todo mundo falando da crise, os clientes
não querem mais apostar. Mas
vão deixar de comprar coisas
grandes, como carro, jóia, barco. Quem encomendou um
avião deve cancelar. Já a roupa
não é algo pesado no orçamento da cliente. Mas não podemos
ser irresponsáveis de achar que
vamos vender: ninguém sabe
como estará a economia.
FOLHA - Haverá alguma reestruturação para enfrentar a crise?
TRANCHESI - Com a crise, vamos
gerir melhor os estoques. Comprar melhor, apostar no que é
mais certo e selecionar o que
vende, com redução de cerca de
25% de importados. Mas somos
uma loja de moda, não podemos deixar de apostar em novidades. Estamos trazendo novas
marcas, nacionais e importadas, além de ampliarmos a loja
em 3.000 metros. Não há planos de corte de pessoal. Neste
ano contratamos mais temporários do que no ano passado
[134 neste ano e 127 em 2007].
E em 45 dias vamos decidir o
local em que será instalada a
primeira loja da Daslu no Rio.
FOLHA - O cartão de crédito Daslu
foi lançado como uma das medidas
para enfrentar a crise?
TRANCHESI - O lançamento atrasou porque tivemos de esperar
a aprovação da Visa em Miami,
uma vez que é um cartão especial, com benefícios e layout diferenciados. São seis modelos, e
o de oncinha já é o maior sucesso. Mil clientes pegaram a proposta no dia 4, quando foi lançado. Indicamos 4.000 clientes
ao banco Safra, nosso parceiro.
FOLHA - Há três anos a Daslu foi alvo de uma operação da PF e há um
processo criminal em curso. Como
está a situação da loja?
TRANCHESI - Estamos nos defendendo de algumas multas
que vieram, assim como fazem
várias empresas que têm o
mesmo problema, embora falem sempre da Daslu. Quantas
empresas receberam autos de
infração da Receita, alguns
aleatórios e fora da realidade, e
estão se defendendo?
CARTÃO DE "ONCINHA"
CHEGA À DASLU
Em seis modelos
diferentes, o cartão de
crédito Daslu, em
parceria com o banco
Safra, permite
comprar em até 12
vezes. Mil clientes
pegaram proposta no
dia do lançamento.
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