|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO AR
Resultado até novembro é 205% maior que o do mesmo período do ano passado; colégio deliberante sinaliza barrar Tanure
Prejuízo da Varig em 2005 já supera R$ 1 bi
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem gerar caixa para pagar dívidas e às vésperas de ter que honrar novos compromissos com
empresas de leasing, funcionários
e fornecedores de combustível, a
Varig anunciou ontem que seu
prejuízo, de janeiro a novembro
deste ano, superou R$ 1 bilhão.
Até setembro, a perda havia sido
de R$ 778 milhões.
O resultado negativo (R$ 1,06
bilhão) é 205% maior que a perda
do mesmo período de 2004 (de R$
347 milhões), o que mostra o
quanto a situação da companhia
aérea, que está em recuperação
judicial e por isso tem que apresentar um balanço mensal à Justiça, piorou em 2006.
Com 15 aeronaves paradas, a
Varig perdeu participação de
mercado, e nos primeiros 11 meses do ano ficou com 27% de
"market share", ante 31% no mesmo período do ano passado.
A receita líquida nos primeiros
11 meses deste ano foi de R$ 6,2 bilhões, queda de mais de 8% ante
2004. A geração de caixa (resultado da atividade), no mesmo período, foi R$ 91 milhões negativa.
Situação limite
A situação da Varig tende a se
complicar ainda mais nas próximas semanas, e a administração
da empresa está procurando trocar recebíveis para fazer frente a
vários compromissos.
O juiz Robert Drain, da Corte de
Falências de Nova York, estipulou
um cronograma de pagamento de
cerca de US$ 33 milhões da companhia aérea a empresas de leasing até 13 de janeiro. Foi até essa
data que a Justiça americana
prorrogou uma liminar que hoje
impede o arresto de aeronaves.
Além disso, a aérea tem que
honrar pagamentos de combustível -a empresa é obrigada a pagar seu querosene de aviação de
dez em dez dias, e não mensalmente- e 13º salário dos empregados. Por conta de atrasos, os
funcionários da subsidiária VEM
(empresa de manutenção) realizaram uma paralisação anteontem em protesto contra o não-pagamento, segundo sindicalistas.
Rejeição
É nesse cenário limite que o colégio deliberante, instância máxima da Fundação Ruben Berta,
dona da Varig, sinalizou que não
concorda com a proposta do empresário Nelson Tanure, da Docas
Investimentos, de adquirir o controle da FRB. A transferência do
controle vinha sendo defendida
pelos curadores da fundação.
No texto enviado aos curadores
da FRB na última terça-feira, os
membros do colégio também se
posicionaram contra uma eventual contestação da assembléia de
credores da aérea, que ocorreu na
última segunda e aprovou um
plano de recuperação.
Se mantido, o que é o mais provável de acontecer, esse posicionamento do colégio praticamente
coloca Tanure fora do jogo pelo
controle da Varig.
Isso porque qualquer decisão
dos curadores da FRB tem que
passar pelo crivo do colégio, que é
formado por mais de 150 funcionários. Esses se manifestam via
assembléia, que é convocada pelos curadores. Uma dessas assembléias, que ocorreria nesta semana para avaliar exatamente a
transferência do controle da FRB
para a Docas, foi cancelada.
Uma outra será convocada pelos conselho de curadores na próxima semana, mas esse documento entregue na última terça-feira,
assinado por cerca de 40 membros do colégio, já deixou claro a
discordância com a entrada da
empresa de Tanure na FRB.
Além disso, segundo o presidente do conselho, Cesar Curi,
outras duas assembléias extraordinárias serão chamadas para votar diferentes questões.
Um reunião dos curadores
ocorre no início da próxima semana para tentar resolver as disputas internas entre as diferentes
linhas da administração da FRB.
No próximo dia 8 de janeiro, acaba a blindagem contra a execução
de credores da aérea.
Texto Anterior: Tributos 2: Paraná amplia isenção de imposto Próximo Texto: Herança dos choques: Metalúrgico de SP ganha ação do FGTS Índice
|