São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

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Banco credita perda de receita à crise nos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Caixa Econômica Federal reconhece, em e-mail enviado à Folha, que suas receitas sofreram impacto das operações com títulos e credita isso à "crise do mercado hipotecário americano".
No entanto, a área técnica não é clara ao justificar por que contabiliza como receita despesa com Imposto de Renda e contribuição social.
O texto se limita a afirmar de forma confusa que "a variação observada no período de junho/07 a setembro/07 decorreu da redução dos tributos apurados em setembro/07, relativo ao período acumulado de janeiro a setembro/07, resultando em estorno do crédito tributário anteriormente baixado em função da efetiva realização do crédito até aquela data".
A Folha tentou esclarecer o argumento, mas não obteve resposta da Caixa. A interpretação de analistas foi que o banco alega ter estornado valores recolhidos a mais no primeiro semestre. Porém o motivo desse procedimento não ficou claro para eles -nem se o ajuste será efetivamente incluído no balanço final de 2007.
Os especialistas destacam que é normal bancos abaterem crédito no fisco referente a recolhimentos feitos anteriormente por exigência da Receita e que, com o tempo, confirmaram-se excessivos. São os chamados créditos tributários.
Mas há limites e regras para seu uso. Também não é comum que anulem integralmente o imposto e a contribuição a ser recolhida no período, gerando receita.
No caso da Caixa no último trimestre, a direção diz que "não constituiu [ativou] crédito tributário no exercício corrente", o que dificulta a compreensão do dado.
Sobre a queda nas receitas, destaca que, com a crise internacional, houve aumento dos juros futuros no Brasil, e isso provocou queda nos preços dos papéis que o banco tem em carteira.
A Caixa também reconhece que há uma "redução dos "spreads" médios das operações bancárias praticadas pelo sistema bancário nacional". O "spread" é a diferença entre o custo de captação dos bancos e o valor cobrado dos clientes mais o lucro.
Mas afirma que, embora tenha taxas de juros mais baixas, "obtém remuneração positiva em suas operações de crédito capaz de lhe proporcionar um retorno sobre PL [patrimônio líquido] acima do custo de oportunidade vigente na economia".
O banco não explica, porém, por que não deixa claro o custo das políticas sociais no seu balanço e apenas afirma que "as políticas sociais executadas pela instituição são devidamente remuneradas de forma a propiciar margens positivas, inclusive remunerando o seu capital ao custo de oportunidade".


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