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Tesouro tem pior novembro, com déficit de R$ 4,3 bilhões
Mês teve arrecadação menor que a prevista, mas governo culpa outros fatores
Gastos com folha de salários estão entre os que mais cresceram no ano, com alta de R$ 11,8 bi e totalizando R$ 115 bi até novembro
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tesouro Nacional registrou o pior resultado em suas
contas para um mês de novembro desde 1997, quando se inicia a série histórica: um déficit
de R$ 4,325 bilhões. É quase o
mesmo valor que o governo
pretende gastar ao longo de todo o ano que vem com a desoneração do IR (Imposto de
Renda) das pessoas físicas.
O secretário Arno Augustin
justificou a piora nas contas
por "fatores específicos" no
mês passado. Mas, em novembro, o governo também teve
uma frustração de R$ 3,2 bilhões na arrecadação por causa
da crise global.
Apesar do déficit em novembro, Augustin afirmou que o superávit primário no ano -a
economia que o governo faz para pagar juros da dívida- deve
ficar acima da meta fixada pelo
governo. Entre janeiro e novembro, o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central
e Previdência) acumula um saldo positivo de R$ 91 bilhões em
suas contas. A meta é de R$ 77,6
bilhões para o ano inteiro.
"[O resultado de novembro]
é menos favorável, mas não alterará a programação [para o
superávit primário] de 2008. A
maior probabilidade é que o
primário seja um pouco maior
que os 3,8% do PIB. Essa é a
tendência", disse Augustin.
Segundo ele, em novembro o
governo teve que repassar R$
782 milhões para compensar os
Estados pelo fim da cobrança
de impostos sobre as exportações. Além disso, a antecipação
do 13º salário a aposentados e
pensionistas da Previdência
Social custou mais R$ 2,4 bilhões e, por fim, uma elevação
de R$ 1,1 bilhão no total de investimentos em relação a outubro explicam o déficit.
A série histórica mostra que,
em apenas duas outras oportunidades, Tesouro, BC e Previdência registraram déficits em
meses de novembro, mas, mesmo assim, em valores bastante
inferiores. Em novembro de
2006, o resultado foi negativo
em R$ 336 milhões. Em novembro de 1998, às vésperas da
desvalorização cambial, atingiu
R$ 1,158 bilhão.
A elevação no investimento
em novembro -para R$ 2,9 bilhões, contra R$ 1,7 bilhão em
outubro- não mostra uma aceleração. É que em outubro, a
greve dos servidores do DNIT
(Departamento Nacional de
Infra-Estrutura e Transportes)
e da Caixa Econômica Federal
reduziu o pagamento dos investimentos. Parte do que não
foi gasto em outubro, entrou
nas estatísticas de novembro.
Neste ano já foram pagos R$
22,9 bilhões em investimentos,
um crescimento de 45% em relação ao período de janeiro a
novembro de 2007. Nas obras
consideradas prioritárias, houve alta de 72% nos pagamentos,
mas os R$ 6,4 bilhões gastos
neste ano ainda representam
menos da metade do que o governo reservou no Orçamento
para esses investimentos.
Uma das despesas que mais
cresceram nas contas federais
em 2008 foi o pagamento de
servidores. A folha de salários
aumentou R$ 11,8 bilhões, totalizando até novembro gastos de
R$ 114,9 bilhões. O custeio, que
representa a despesa para o
funcionamento do governo, subiu de R$ 71,8 bilhões para R$
79,3 bilhões na comparação entre 2007 e 2008.
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