Governo confirma retração de 0,5% na economia americana no terceiro trimestre

Imóveis têm desvalorização recorde e investimento no setor cai 16%; consumo se retrai 3,8% no período, no pior resultado desde 1980

DA REDAÇÃO

O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA registrou queda de 0,5% no terceiro trimestre, segundo a revisão divulgada ontem pelo Departamento do Comércio. O dado confirma a estimativa anterior, divulgada em novembro. A Casa Branca, no entanto, anunciou que o pior ainda está por vir, referindo-se ao quarto trimestre, que, a seu ver, será "muito fraco".
A retração do PIB resultou, sobretudo, da diminuição de gastos dos consumidores, que já representa baixa de 3,8% neste ano, a maior em quase três décadas. Ontem foi anunciada, ainda, desvalorização recorde dos imóveis no país.
Tony Fratto, secretário de imprensa da Casa Branca, afirmou que o quarto trimestre "será um período muito fraco".
Fratto disse também que a performance pífia da economia se deve à "paralisação do mercado de crédito, que congelou" e à "turbulência" vinda do sistema financeiro. "Nós estamos focados na implementação de um pacote de resgate financeiro e nos esforços do Fed [o BC americano] para a restauração do crescimento, a fim de liberar o crédito", declarou.
Para a maioria dos analistas, a economia americana está sofrendo uma desaceleração ainda mais aguda no atual trimestre. Alguns prevêem, inclusive, retração de até 6%, que, caso se confirme, será a maior queda trimestral desde 1982.
Segundo o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês), os EUA estão em recessão desde dezembro de 2007. O cenário se agravou em setembro, com a crise desatada pela quebra do banco Lehman Brothers.
O quarto trimestre já é considerado o ponto mais baixo da recessão no país. A desaceleração nos próximos meses deve ser menor do que a de agora, prevêem os especialistas.

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Ao realismo da Casa Branca se somaram más notícias como a queda brusca no preço dos imóveis -8,6% em dezembro, em relação ao mesmo mês de 2007. Foi o pior resultado mensal registrado nos últimos 40 anos, segundo a principal associação de imobiliárias do país.
Mesmo com os preços baixos, os investimentos em residências recuaram 16% no terceiro trimestre, segundo o departamento de Comércio dos EUA. "As pessoas estão interrompendo os gastos", afirmou David Wyss, economista chefe da Standard & Poor's. Só em novembro, a venda de residências novas caiu 2,9%.
O mau desempenho do PIB se deve, sobretudo, à diminuição do consumo norte-americano. Os gastos afundaram 3,8% no terceiro trimestre, maior queda desde 1980, quando a crise global do petróleo levou a economia a uma desaceleração prolongada. Em alguns setores, a retração foi mais sentida. O gasto em equipamentos e softwares, por exemplo, caiu 7,5%, o maior desde 2002.
As vendas de fim de ano também vão cair mais que o previsto no país, segundo o Conselho Internacional dos Centros de Compras. Espera-se a diminuição de 2% nas vendas -a projeção inicial era a de queda de 1%. Se confirmado, será o pior resultado numa temporada de Natal em quatro décadas.