|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NOS MERCADOS
Pessimismo diminui, e Bolsas sobem
Pacote dos EUA, socorro a seguradoras e "caça a barganhas" nos mercados melhoram humor de investidor; Bovespa sobe 5,9%
Economistas evitam falar que o pior já passou e prevêem mais instabilidade e mudanças de humor
nas próximas semanas
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após três dias de forte pessimismo, os mercados globais esboçaram ontem uma recuperação generalizada nos preços de
ações, papéis de dívidas e commodities. A melhora no humor,
porém, não foi suficiente para
cobrir as perdas registradas na
semana. No Brasil, a Bovespa
subiu 5,95%, sua maior alta
desde outubro de 2002.
A recuperação ontem veio
com o sentimento de que o governo americano e o Fed [Federal Reserve, o BC dos EUA] seguem alertas e farão o possível
para minimizar as perdas do
sistema financeiro, das empresas e também do consumidor.
Ontem, a Casa Branca e o Congresso americano chegaram a
um acordo sobre o corte de impostos, que continua sendo visto com uma dose de ceticismo.
A redução tributária beneficiará as famílias, com restituição prevista de US$ 1.200 mais
US$ 300 para cada filho. A expectativa é que 117 milhões de
famílias recebam algum cheque com devolução de impostos. Também haverá a extensão
de prazos para as famílias refinanciarem hipotecas ou dívidas imobiliárias.
Nos EUA, a Bolsa de Nova
York subiu 0,88% (Dow Jones),
e a Nasdaq, 1,92%. Além da Bovespa, as maiores altas foram
vistas na Europa e na Ásia.
Duas outras notícias colaboraram também para a retomada do ânimo: a redução, pela
quarta semana, do número de
pedidos de seguro-desemprego
nos EUA e a alta no lucro da
Nokia -ambos vistos como indicadores de consumo em alta.
Apesar da reavaliação do pessimismo e da "caça a barganhas" nas Bolsas, ninguém ousou dizer que "o pior já passou"
ou que os mercados encontraram novo equilíbrio. A avaliação é que virão mais turbulência e instabilidade. Na semana
que vem, o Fed tem novo encontro para definir juros, saem
dados sobre consumo, renda e
nível de emprego nos EUA.
"Não dá para afirmar que o
pior passou. Houve um certo
exagero a partir de um sentimento ruim [com o futuro da
economia]. A medida do Fed
[redução nos juros] ajudou a
minimizar, mas também mostrou que a situação é grave. Essa amplitude de humor, em que
um dia é o fim do mundo e o outro é o melhor dos mundos, deve diminuir", disse Flavio Serrano, da corretora López León.
Para o professor Fernando
Cardim, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o
corte de impostos levará tempo
para ter impacto real sobre a
economia dos EUA. "O problema é liquidez. Detentores de
ativos que se sentem inseguros
em relação ao seu valor no futuro tentam vendê-los o mais rápido possível, para ficarem líquidos. O socorro do banco
central tenta injetar liquidez
para reduzir a pressão de venda, criando compradores. Um
corte de impostos eleva a renda
disponível, mas o efeito depende do que farão com esse alívio.
Se houver temor com relação
ao futuro, é possível que esse
corte de impostos se converta
em mais poupança, ao invés de
demanda. Foi o que aconteceu
no Japão dos anos 1990."
"Qualquer noticiazinha que
venha de fora leva a um efeito
manada, para um lado ou para
outro. Enquanto durar o processo de ajuste da economia
americana, vai haver turbulência, diz o economista Alcides
Leite, da Trevisan.
Lula
O presidente Lula disse ontem, no Rio, que a crise na economia americana só preocupa
o Brasil se chegar à Europa. Para ele, a crise é o único "percalço" no caminho da economia
brasileira que, na sua avaliação,
nunca esteve tão "sólida".
O presidente disse que conversou ontem com o primeiro
ministro-britânico, Gordon
Brown, sobre a economia americana e que os dois têm o "mesmo pensamento": "Talvez [a
crise] não seja tão pequena
quanto se pensava no começo,
mas que não seja também uma
hecatombe que se pensava e como pensam algumas pessoas."
Com agências internacionais e a Sucursal do Rio
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Mercado europeu se recupera e tem dia de altas expressivas Índice
|