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Comprar dólar em frações dilui risco cambial
Diante da imprevisibilidade do dólar, pessoas expostas ao câmbio devem comprar moeda em várias oportunidades
Segundo analistas, aumentou a possibilidade do dólar subir nos próximos meses, mas nada comparado ao passado
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Novamente no patamar de
R$ 1,80, o dólar comercial voltou a preocupar na semana passada potenciais turistas, famílias com filhos estudando no
exterior e consumidores com
dívidas no cartão de crédito internacional.
Diante da imprevisibilidade
da trajetória da moeda americana, analistas recomendam
que a pessoa física "exposta" ao
risco da variação cambial comece a comprar dólares em pequenas quantidades, com o objetivo de fazer um preço médio
mais estável, capaz de diluir o
risco tanto no cenário de alta
como de baixa da moeda dos
Estados Unidos.
Se o dólar subir muito, o consumidor terá conseguido comprar uma boa parte do que precisará a um preço menor.
Por outro lado, caso a situação se reverta e o dólar volte a
cair -o que não está descartado- também não terá feito um
negócio tão ruim e ainda poderá adquirir o restante do que
precisa a uma taxa de conversão mais favorável.
US$ 1.000 por mês
Quem pretende, por exemplo, gastar US$ 6.000 nas férias
de julho, pode comprar todos
os meses US$ 1.000.
Se a moeda americana continuar subindo e chegar a R$
2,00 naquele mês da viagem, a
pessoa terá comprado várias
das frações de US$ 1.000 a preços entre R$ 1,80 e R$ 1,90. Já
se o dólar voltar a R$ 1,60, não
terá comprado muita moeda a
R$ 1,80 e ainda poderá reduzir
o prejuízo final comprando
moeda próximo de R$ 1,60.
Com a instabilidade nos mercados globais ainda presente, a
expectativa de piora nas contas
externas brasileiras já constatada neste começo de ano e a
possibilidade de aumento das
taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa, aumentaram
as apostas de que a moeda americana possa reagir neste ano,
após cair 25% e virar uma espécie de "cachorro morto" entre
os investimentos financeiros
em 2009.
3,3% no ano
Só nos primeiros 15 dias úteis
de janeiro, a moeda dos EUA
avançou 3,33% -saltou de R$
1,74 até R$ 1,813, patamar que
era esperado pelo mercado para o final do ano.
Para Fabio Colombo, administrador independente de investimentos, é sempre importante que os investidores tenham uma parcela de investimento cambial para que possam se proteger de possíveis solavancos na economia.
O volume apostado no câmbio, no entanto, segundo o especialista, deve variar conforme aumenta a possibilidade
dessa expectativa se materializar, além do perfil de risco de
cada investidor.
Segundo Colombo, o dólar
poderá render mais do que a
renda fixa em 2010.
A previsão atual do mercado
é que a Selic termine o ano em
11,25%, fazendo com que os
fundos DI e de renda fixa tenham um retorno médio no
ano na faixa de 10% e 10,5%.
"Da mesma maneira que
acho que a Bolsa subiu muito
no ano passado, também acho
que o dólar caiu muito e provavelmente pode ter um resultado melhor. Infelizmente, o
mercado só muda de opinião
depois que a coisa acontece",
disse Colombo.
Para Sidnei Nehme, especialista em câmbio da corretora
NGO, o país não deve enfrentar
nenhum problema sério no
câmbio capaz de levar o dólar
muito além do atual patamar
contra o real.
Ele afirma que o debate eleitoral pode trazer algum ruído
nas cotações, mas nada que
acirre os ânimos, como já aconteceu no passado. "Mas o cenário não será tão tranquilo quando se previa."
"Enquanto o cenário externo
estiver incerto e os investidores
globais continuarem conservadores em suas posições, como
agora, as questões internas do
Brasil tendem a se somar para
compor um quadro de volatilidade e de pressão sobre o câmbio que, em momentos de
maior tensão, pode oscilar mais
perto de R$ 1,85 ao longo do
ano", disse Mirian Tavares, diretora da corretora de câmbio
AGK.
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