São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Comprar dólar em frações dilui risco cambial

Diante da imprevisibilidade do dólar, pessoas expostas ao câmbio devem comprar moeda em várias oportunidades

Segundo analistas, aumentou a possibilidade do dólar subir nos próximos meses, mas nada comparado ao passado

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Novamente no patamar de R$ 1,80, o dólar comercial voltou a preocupar na semana passada potenciais turistas, famílias com filhos estudando no exterior e consumidores com dívidas no cartão de crédito internacional.
Diante da imprevisibilidade da trajetória da moeda americana, analistas recomendam que a pessoa física "exposta" ao risco da variação cambial comece a comprar dólares em pequenas quantidades, com o objetivo de fazer um preço médio mais estável, capaz de diluir o risco tanto no cenário de alta como de baixa da moeda dos Estados Unidos.
Se o dólar subir muito, o consumidor terá conseguido comprar uma boa parte do que precisará a um preço menor.
Por outro lado, caso a situação se reverta e o dólar volte a cair -o que não está descartado- também não terá feito um negócio tão ruim e ainda poderá adquirir o restante do que precisa a uma taxa de conversão mais favorável.

US$ 1.000 por mês
Quem pretende, por exemplo, gastar US$ 6.000 nas férias de julho, pode comprar todos os meses US$ 1.000.
Se a moeda americana continuar subindo e chegar a R$ 2,00 naquele mês da viagem, a pessoa terá comprado várias das frações de US$ 1.000 a preços entre R$ 1,80 e R$ 1,90. Já se o dólar voltar a R$ 1,60, não terá comprado muita moeda a R$ 1,80 e ainda poderá reduzir o prejuízo final comprando moeda próximo de R$ 1,60.
Com a instabilidade nos mercados globais ainda presente, a expectativa de piora nas contas externas brasileiras já constatada neste começo de ano e a possibilidade de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa, aumentaram as apostas de que a moeda americana possa reagir neste ano, após cair 25% e virar uma espécie de "cachorro morto" entre os investimentos financeiros em 2009.

3,3% no ano
Só nos primeiros 15 dias úteis de janeiro, a moeda dos EUA avançou 3,33% -saltou de R$ 1,74 até R$ 1,813, patamar que era esperado pelo mercado para o final do ano.
Para Fabio Colombo, administrador independente de investimentos, é sempre importante que os investidores tenham uma parcela de investimento cambial para que possam se proteger de possíveis solavancos na economia.
O volume apostado no câmbio, no entanto, segundo o especialista, deve variar conforme aumenta a possibilidade dessa expectativa se materializar, além do perfil de risco de cada investidor.
Segundo Colombo, o dólar poderá render mais do que a renda fixa em 2010.
A previsão atual do mercado é que a Selic termine o ano em 11,25%, fazendo com que os fundos DI e de renda fixa tenham um retorno médio no ano na faixa de 10% e 10,5%.
"Da mesma maneira que acho que a Bolsa subiu muito no ano passado, também acho que o dólar caiu muito e provavelmente pode ter um resultado melhor. Infelizmente, o mercado só muda de opinião depois que a coisa acontece", disse Colombo.
Para Sidnei Nehme, especialista em câmbio da corretora NGO, o país não deve enfrentar nenhum problema sério no câmbio capaz de levar o dólar muito além do atual patamar contra o real.
Ele afirma que o debate eleitoral pode trazer algum ruído nas cotações, mas nada que acirre os ânimos, como já aconteceu no passado. "Mas o cenário não será tão tranquilo quando se previa."
"Enquanto o cenário externo estiver incerto e os investidores globais continuarem conservadores em suas posições, como agora, as questões internas do Brasil tendem a se somar para compor um quadro de volatilidade e de pressão sobre o câmbio que, em momentos de maior tensão, pode oscilar mais perto de R$ 1,85 ao longo do ano", disse Mirian Tavares, diretora da corretora de câmbio AGK.


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