São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Empresas voltam a dar atenção à Bolsa

Passado o pior da crise econômica global, Bolsa volta a ser alternativa de financiamento para companhias brasileiras

Experiências com oferta de ações no "boom" de 2007 decepcionaram pequeno investidor, que deve ser mais cauteloso agora

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passada a ressaca da crise financeira internacional, as empresas brasileiras voltam a olhar com maior atenção para o mercado acionário como fonte geradora de recursos. Além dos IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) que foram anunciados nas últimas semanas, novas empresas fazem fila na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para receber autorização para vender ações.
Há em análise hoje na CVM um total de 12 pedidos para lançamento de ações, considerando tanto os IPOs quanto os papéis novos de companhias que já têm capital aberto e estão listadas na BM&FBovespa.
Em 2008, quando a crise financeira paralisou o mercado, houve 13 ofertas de ações na Bolsa. No ano passado, essa cifra ficou em 28 ofertas.
Um ponto que tende a estimular o lançamento de ações é o esperado processo de ajuste da taxa básica de juros. De uma Selic hoje a 8,75%, o mercado projeta 11,25% até o final de 2010. A Selic serve de parâmetro para as taxas no mercado. Assim, sua elevação resulta em altas das outras taxas.
Daqui para a frente, as companhias que emitirem debêntures ou pegarem empréstimos muito provavelmente encontrarão investidores sedentos de taxas de juros mais elevadas.
"O atual quadro de incertezas no cenário internacional pode até chegar a atrapalhar um pouco, mas ainda vejo o cenário bastante promissor para o lançamento de ações. Caminhamos para bater tranquilamente 2009, mas ainda devemos ficar abaixo dos picos e da euforia de 2007", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Em 2007, o mercado registrou 103 lançamentos de ações - 64 foram IPOs. Só neste mês, duas novas empresas já anunciaram os detalhes de seus IPOs. A Multiplus Fidelidade e a Aliansce Shopping Centers estrearão da Bolsa nas próximas semanas. Juntas, podem levantar mais de R$ 2,4 bilhões.
No ano passado, com a crise global, houve só seis estreias de empresas na Bolsa. Em 2008, foram quatro os IPOs.
Além de Multiplus e Aliansce, a BR Properties está para chegar à Bolsa. Na semana passada, a Folha revelou que também a Aché Laboratórios planeja entrar em breve.
Para conseguir recursos, para ampliar investimentos ou quitar débitos, as empresas dispõem de diferentes fontes. A mais simples e usual é o empréstimo bancário. Elas também podem vender aos investidores títulos que pagam juros, como debêntures e notas promissórias. Além disso, há a possibilidade de vender ações, que representam uma fração da companhia.
Ao menos desde o IPO da Bovespa, em outubro de 2007, o pequeno investidor tem olhado com maior atenção para as estreias de ações. O impressionante salto dos papéis da Bovespa em seu primeiro pregão, quando ganhou 52%, criou certa ilusão de que lucrar com as novas ações era fácil. Mas outros IPOs demonstraram que isso nem sempre é verdade. Não faltam casos de ações que caíram logo na estreia.
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, avalia que "a pessoa física ainda está um pouco com o pé atrás" após os IPOs frustrantes.
"Acho que para o investidor de varejo voltar a comprar ações estreantes, com o apetite que vimos em 2007, terá de haver algum IPO bastante chamativo e rentável", diz.
No IPO da BM&F, por exemplo, cerca de 285 mil pessoas adquiriram as ações novatas.


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