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Empresas voltam a dar atenção à Bolsa
Passado o pior da crise econômica global, Bolsa volta a ser alternativa de financiamento para companhias brasileiras
Experiências com oferta de ações no "boom" de 2007 decepcionaram pequeno investidor, que deve ser mais cauteloso agora
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passada a ressaca da crise financeira internacional, as empresas brasileiras voltam a
olhar com maior atenção para o
mercado acionário como fonte
geradora de recursos. Além dos
IPOs (oferta inicial de ações, na
sigla em inglês) que foram
anunciados nas últimas semanas, novas empresas fazem fila
na CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) para receber autorização para vender ações.
Há em análise hoje na CVM
um total de 12 pedidos para lançamento de ações, considerando tanto os IPOs quanto os papéis novos de companhias que
já têm capital aberto e estão listadas na BM&FBovespa.
Em 2008, quando a crise financeira paralisou o mercado,
houve 13 ofertas de ações na
Bolsa. No ano passado, essa cifra ficou em 28 ofertas.
Um ponto que tende a estimular o lançamento de ações é
o esperado processo de ajuste
da taxa básica de juros. De uma
Selic hoje a 8,75%, o mercado
projeta 11,25% até o final de
2010. A Selic serve de parâmetro para as taxas no mercado.
Assim, sua elevação resulta em
altas das outras taxas.
Daqui para a frente, as companhias que emitirem debêntures ou pegarem empréstimos
muito provavelmente encontrarão investidores sedentos de
taxas de juros mais elevadas.
"O atual quadro de incertezas
no cenário internacional pode
até chegar a atrapalhar um
pouco, mas ainda vejo o cenário
bastante promissor para o lançamento de ações. Caminhamos para bater tranquilamente
2009, mas ainda devemos ficar
abaixo dos picos e da euforia de
2007", afirma Newton Rosa,
economista-chefe da Sul América Investimentos.
Em 2007, o mercado registrou 103 lançamentos de ações
- 64 foram IPOs. Só neste mês,
duas novas empresas já anunciaram os detalhes de seus
IPOs. A Multiplus Fidelidade e
a Aliansce Shopping Centers
estrearão da Bolsa nas próximas semanas. Juntas, podem
levantar mais de R$ 2,4 bilhões.
No ano passado, com a crise
global, houve só seis estreias de
empresas na Bolsa. Em 2008,
foram quatro os IPOs.
Além de Multiplus e Aliansce, a BR Properties está para
chegar à Bolsa. Na semana passada, a Folha revelou que também a Aché Laboratórios planeja entrar em breve.
Para conseguir recursos, para ampliar investimentos ou
quitar débitos, as empresas dispõem de diferentes fontes. A
mais simples e usual é o empréstimo bancário. Elas também podem vender aos investidores títulos que pagam juros,
como debêntures e notas promissórias. Além disso, há a possibilidade de vender ações, que
representam uma fração da
companhia.
Ao menos desde o IPO da Bovespa, em outubro de 2007, o
pequeno investidor tem olhado
com maior atenção para as estreias de ações. O impressionante salto dos papéis da Bovespa em seu primeiro pregão,
quando ganhou 52%, criou certa ilusão de que lucrar com as
novas ações era fácil. Mas outros IPOs demonstraram que
isso nem sempre é verdade.
Não faltam casos de ações que
caíram logo na estreia.
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, avalia que
"a pessoa física ainda está um
pouco com o pé atrás" após os
IPOs frustrantes.
"Acho que para o investidor
de varejo voltar a comprar
ações estreantes, com o apetite
que vimos em 2007, terá de haver algum IPO bastante chamativo e rentável", diz.
No IPO da BM&F, por exemplo, cerca de 285 mil pessoas
adquiriram as ações novatas.
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