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"EFEITO SAMBA' Reportagem de órgão oficial pode indicar desvalorização
Jornal chinês admite mudança no câmbio
das agências internacionais
Uma desvalorização do yuan, a
moeda chinesa, "não seria necessariamente algo mau", segundo reportagem publicada ontem no semanário econômico oficial "China
Daily Business".
Registrando que os mercados financeiros internacionais reagiram
de forma positiva à queda do real
brasileiro, o jornal, um suplemento do "China Daily", afirma que fazer flutuar o yuan "não desencadaria forçosamente uma nova onda
de desvalorizações, como teme a
maioria".
Essa afirmação afasta-se da linha
defendida pelo governo chinês
desde o início da crise asiática, em
97, que vem repetindo que não mexerá no câmbio, apesar da perda de
competitividade das exportações.
Desde então, a comunidade econômica internacional vem felicitando a China por essa decisão
"responsável", por estimar que a
queda do valor do yuan voltaria a
afetar os vizinhos. O câmbio vem
sendo mantido abaixo de 8,3 por
dólar desde antes da crise.
Na semana passada, o presidente
do Banco do Povo -o banco central chinês-, Dai Xianglong, afirmou que manter a estabilidade do
yuan era um objetivo neste ano.
Ele também expressou sua confiança na habilidade da China em
conservar o valor de sua moeda.
A mudança de postura pode indicar que a moeda da única economia que se mantém ilesa em relação à crise possa também ter seu
valor reduzido.
Com a desvalorização do real, na
semana passada, o yuan voltou a
ser pressionado. Durante a semana, o mercado financeiro internacional se manteve nervoso pelos
rumores de desvalorização, que
derrubaram a cotação da moeda
japonesa, o iene.
Acredita-se que, mesmo com as
exportações não sendo afetadas diretamente pela concorrência brasileira -inclusive porque os negócios com a América Latina não
atingem 2% do total-, a nova crise prejudique a credibilidade internacional da China.
A influência não deve chegar diretamente, mas por meio dos Estados Unidos e da Europa, maiores
investidores estrangeiros e também maiores parceiros comerciais.
"A crise monetária e econômica
do Brasil está provocando uma
perda de confiança de investidores
nos países com economias instáveis. Os países em vias de desenvolvimento, como a China, sofrerão essas consequências", afirmou
Mu Yibin, especialista do Banco
Popular Chinês.
Os economistas chineses, entre
eles o primeiro-ministro Zhu
Rongji, consideram que uma desvalorização do yuan seria negativa
a curto prazo, já que paralisaria a
atividade econômica, mas, em
uma etapa seguinte, ajudaria a sanear as finanças do país.
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