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País precisa de 27,7 mi de moradias até 2020
Para FGV Projetos, esse é o número necessário para atender crescimento das famílias e eliminar o déficit habitacional
Ministério das Cidades considera que cerca de 40% dos recursos necessários para atender à demanda têm de sair de governos
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil vai precisar de 27,7
milhões de novas moradias até
2020 para dar conta de atender
o crescimento das famílias, zerar o atual déficit habitacional e
acabar com cortiços e favelas.
É o que indica estudo da FGV
Projetos elaborado para o SindusCon SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil
paulista), que será apresentado
no próxima semana ao Ministério das Cidades durante as
discussões do Plano Nacional
de Habitação (PlanHab).
Para chegar a esse número, a
FGV considerou que, em 2020,
o país terá 21,1 milhões de novas famílias -no ano passado,
eram 59,1 milhões de famílias.
O cálculo prevê eliminar as
2,431 milhões de moradias habitadas por duas ou mais famílias e as 3,548 milhões de moradias inadequadas, como as favelas -segundo os últimos dados da PNAD (IBGE) de 2006.
Pelos números da Secretaria
Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, o país precisa construir até 2023 cerca de
27 milhões de novas moradias
-só para atender ao crescimento das famílias, sem considerar o déficit habitacional. A
secretária Inês Magalhães afirma que cerca de 40% dos recursos necessários para isso têm
de vir dos cofres públicos, mesma estimativa do SindusCon.
Atualmente, cerca de 1,6 milhão de moradias são construídas por ano no país. Nos cálculos da FGV Projetos, esse número tem de subir para 2 milhões de unidades anuais para
atender a demanda habitacional que está por vir e eliminar
as moradias inadequadas.
O estudo também constatou
que cerca de 70% a 75% dessas
27,7 milhões de moradias têm
de atender as famílias com renda familiar de até dez salários
mínimos, já que essa faixa de
renda é a mais carente de habitação e é a que mais cresce.
Pelo menos metade das 27,7
milhões de moradias terão de
ter subsídio ou algum tipo de
apoio do governo, diz a FGV.
"Pelo menos metade da demanda habitacional prevista
até 2020 precisa de subsídio direto do Estado", diz Fernando
Garcia, coordenador do Núcleo
de Economia da FGV Projetos.
Das 1,6 milhão de novas moradias construídas no ano passado, cerca de 350 mil contaram com recursos do governo
ou do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), segundo Garcia. "O país precisaria de uma política que atenda
no mínimo 800 mil famílias por
ano, já", afirma Garcia.
"Habitação para a população
de baixa renda ainda não entrou na agenda do governo",
afirma João Claudio Robusti,
presidente do SindusCon SP.
Para zerar o déficit habitacional atual, estimado em 8 milhões de unidades, Robusti prevê que sejam necessários investimentos de R$ 360 bilhões, ao
custo de R$ 45 mil por imóvel.
Paulo Simão, presidente da
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), diz que
é necessário desonerar o setor e
rever a carga tributária para estimular a construção de mais
moradias. "Cerca de 35% do
custo de uma habitação é formado por imposto."
Para convencer o governo a
ter uma política habitacional
para as famílias mais carentes,
os empresários levarão à reunião da próxima semana dados
que mostram a importância do
investimento em habitação no
crescimento.
A expansão de prazos e de
crédito para o mercado de imóveis resolve o que equivale entre 15% e 20% do déficit habitacional do país, na avaliação de
especialistas. "Para resolver o
problema de 80% do déficit habitacional tem de ter política
pública", diz Braulio Borges, da
LCA Consultores.
Ele estima que entre 2008 e
2017 a demanda por financiamento deve atingir 4 milhões
de imóveis, que serão financiados pelo Sistema Financeiro de
Habitação, pelo FGTS ou pela
carteira hipotecária. "20% do
déficit habitacional terá condições de ser financiado porque
as famílias estão mais confiantes e há mais crédito e prazos.
Entre 2000 e 2007, a média
anual de moradias financiadas
era da ordem de 30 mil unidades. Estamos projetando 400
mil unidades anuais nos próximos dez anos", diz Borges.
Bernadete Maria Pinheiro
Coury, superintendente nacional de Habitação da Caixa Econômica Federal, informa que a
instituição já está ampliando o
financiamento à população de
menor poder aquisitivo. Em
2006, 72% dos recursos aplicados foram direcionados às famílias com renda até cinco salários mínimos. Em 2007, esse
percentual subiu para 82%.
"Estamos conseguindo com
que mais famílias com renda
até cinco mínimos tenham
acesso ao crédito imobiliário.
No ano passado, ampliamos o
prazo de financiamento, que
era de 20 a 25 anos, para 30
anos, e os juros caíram 0,5 ponto percentual. Neste ano, o financiamento a essa faixa de
renda será ainda maior", disse
ela.
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