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Fundo que cobra menos taxa rende mais
Estudo aponta que fundos de ação que cobram menos para administrar recursos são os que rendem os maiores ganhos
Essa categoria de aplicação geralmente exige grandes somas dos investidores e tem custos menores
de administração
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As turbulências que têm sacudido o mercado financeiro
desde o segundo semestre do
ano passado não serviram apenas para o investidor testar seu
sangue-frio: também foram interessantes para que as habilidades dos gestores fossem colocadas à prova. Especialmente
quando se pensa em fundos de
ações, as decisões de investimentos dos gestores são decisivas para fazer a diferença em
um momento de crise.
Estudo feito pelo Centro de
Estudos em Finanças da FGV, à
pedido da Folha, mostrou que
as rentabilidades médias de cada subtipo de fundo de ação
nesse período de crise mais
aguda variou bastante. Além
disso, apontou que os fundos
com menores taxas de administração (até 2%) foram mais
rentáveis que os que cobram
taxas maiores (acima dos 2%).
Foi sempre considerado o período que vai de 30 de junho de
2007 a 31 de janeiro de 2008.
A taxa de administração é
um valor que os investidores
pagam ao administrador de sua
aplicação. Essa taxa é uma forma de remunerar os gestores
por seu serviço e são fixadas, livremente, pelas instituições financeiras.
Os fundos IBX ativo -nos
quais os gestores podem escolher entre as cem ações mais líquidas da Bolsa- apontam
bem essas diferenças. Para os
fundos que cobram taxas menores, a rentabilidade média
no período ficou em 12,14%. Já
aqueles com taxas de administração mais elevadas, o retorno
ficou em 4,56%.
Um outro exemplo pode ser
dado pelos fundos do tipo Ibovespa ativo com alavancagem.
Para os de taxa mais baixa, o retorno no período ficou em
4,98%; os com taxas mais altas
deram rentabilidade de 2,04%.
"Encontramos alguns fundos que cobram taxa de administração na faixa de 2% que fazem a diferença, se mostram
como os melhores do mercado", diz William Eid Júnior,
coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV
(Fundação Getúlio Vargas).
O levantamento considerou
280 fundos de investimento
em ações, de diferentes subtipos, com taxas de administração que variam de 0,4% a 6%.
É claro que o resultado do
fundo que uma pessoa decidir
aplicar vai variar bastante, dependendo da instituição financeira escolhida, do perfil do
produto e das ações do gestor.
Gestão ativa
Dentre os fundos de ações, há
aqueles que são mais ativos,
nos quais os gestores "caçam"
mais as oportunidades oferecidas pelo mercado acionário.
Outros, são mais passivos, muitas vezes indexados a índices
como o Ibovespa -principal
referência da Bolsa, que acompanha as 64 ações mais negociadas. Esses encontram maiores dificuldades de se diferenciarem, ficando mais ligados às
oscilações da Bolsa.
Dessa forma, não é exagero
imaginar que o investidor, ao
pagar uma taxa de administração mais elevada, espere que
seu gestor seja mais ativo. Mas
não é bem assim que as coisas
ocorrem.
"Uma taxa de administração
maior não significa que o fundo
conseguirá retornos melhores
aos aplicadores. O que vemos
muitas vezes ocorrer no mercado são fundos de varejo, com
taxas elevadas, de 4%, por
exemplo, e que são menos ativos, dando retornos menos
atraentes", diz Eid Júnior.
Para uma instituição financeira, muitas vezes é interessante cobrar taxas menores de
grandes clientes para atrair a
elite dos investidores. São fundos que geralmente exigem
grande quantias para ingresso.
Pode-se imaginar a situação de
um fundo que conta com poucos grandes aplicadores, dez
por exemplo. E outro de varejo,
com 10 mil aplicadores. No caso
do primeiro exemplo, a instituição conseguiria inclusive
custos menores, até para coisas
simples como enviar o extrato.
Riscos
Uma diferença grande mostrada no estudo foram para os
fundos chamados "long and
short". Esse tipo, que apenas
entrou na catalogação da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos de Investimento) em 2006,
engloba fundos que fazem operações ligadas ao mercado de
renda variável, mas apoiadas
em estratégias complexas, que
incluem, além do pregão à vista
da Bolsa, o mercado futuro.
Nessa categoria, os fundos
com baixa taxa de administração renderam 4,09%. Os de taxas elevadas tiveram depreciação de 0,62%.
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