São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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Setor espera novo recuo com volta de IPI

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Embora o mercado automotivo tenha mostrado maior fôlego neste princípio de ano, impulsionado pela redução do IPI, as montadoras já alertam para um novo baque nas vendas depois que a alíquota voltar ao seu patamar normal, a partir de 1º de abril.
A GM prevê uma queda de 15% nas vendas em maio e junho. A expectativa é que o setor continue aquecido em abril, já que os concessionários ainda terão estoques de carros a preços menores. No fim do ano, as vendas devem fechar em queda de 15% ante 2008, com cerca de 2,4 milhões de veículos comercializados, segundo a GM.
Em janeiro, o mercado caiu 7,63%, menos do que em dezembro (20,49%). Mas, na primeira quinzena de fevereiro, as vendas já subiram 7,43% na comparação com o ano anterior. "Isso significa que o IPI teve um impacto significativo para a indústria", disse o presidente da GM, Jaime Ardila.
Com a aproximação do fim do prazo de vigor do IPI reduzido, as montadoras alertam para mais um ciclo de baixa no mercado. "As empresas estão em seu papel de reivindicar, porque o mercado não está mesmo em uma boa condição. Quanto menos o governo atacar em termos de arrecadação, melhor", diz o consultor André Beer, ex-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Para o diretor de Assuntos Corporativos da Ford, Rogelio Golfarb, embora o mercado tenha ensaiado um reaquecimento, uma nova retração pode estar por vir. "A crise atacou a confiança do consumidor, mas, com o IPI reduzido, ele contrapôs a cautela à oportunidade de comprar o carro mais barato. Mas a situação ainda é frágil. Não podemos dizer que estamos voltando aos patamares [de vendas] do ano passado."
Para ele, o IPI foi parte do "combustível" usado para turbinar o setor diante da crise, junto com as medidas para garantir crédito no setor e os descontos oferecidos pelas montadoras e pelas concessionárias para atrair consumidores.
"A crise não impôs apenas um novo patamar de volume de vendas, mas atingiu em cheio a lucratividade das empresas. Estamos diante de um novo nível de rentabilidade", diz Golfarb.


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