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Governo quer capitalizar BB para manter ritmo no crédito
Banco ficará próximo do limite para expandir crédito apesar de mudança contábil
Equipe econômica descarta aporte de recursos direto do Tesouro e não vê um momento propício para fazer aumento de capital
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mudanças feitas pelo governo no final do ano passado,
que aliviaram o peso dos calotes no balanço dos bancos, possibilitou o aumento em mais R$
55,4 bilhões na capacidade de
empréstimos do Banco do Brasil e deu fôlego para a instituição ampliar sua atuação sem
ter que recorrer a aportes imediatos do controlador, no caso,
o Tesouro Nacional.
No entanto, como pela previsão do próprio BB esse ganho
deverá ser consumido no primeiro semestre de 2009 por
causa da aquisição da Nossa
Caixa e de metade do banco Votorantim, persiste dentro da
equipe econômica o debate sobre medidas que aumentem o
fôlego do BB e permitam ao governo continuar contando com
o banco para financiar empresas, grandes projetos do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) e minimizar os
efeitos da crise na economia.
De acordo o balanço do último trimestre de 2008, ao conseguir elevar em mais R$ 55,4
bilhões sua capacidade de empréstimos em relação ao terceiro trimestre, o BB iniciou o ano
com a possibilidade de emprestar até R$ 117,4 bilhões.
O ganho no quarto trimestre
foi resultado da combinação de
alterações promovidas pelo
CMN (Conselho Monetário
Nacional) nos normativos que
determinam como os créditos
tributários, obtidos principalmente por causa de calotes, e as
reservas extras para prevenção
contra inadimplência afetam o
patrimônio das instituições e,
também, pela apropriação de
lucro de R$ 1,5 bilhão pelo BB.
As mudanças anunciadas pelo CMN têm impacto no patrimônio usado como referência
para determinar quanto um
banco pode emprestar. Pela regra em vigor, um banco precisa
ter patrimônio equivalente a,
no mínimo, 11% da sua carteira
de crédito. É o chamado índice
de Basileia. No caso do BB, ele
encerrou setembro em 13,6%,
próximo ao limite fixado pelo
Banco Central. Quanto mais
aumentasse sua carteira de crédito (fazendo novas operações
ou comprando bancos e carteiras de terceiros), menor ficaria
esse percentual, e o BB precisaria elevar seu patrimônio.
No entanto, apesar do crescimento da carteira de crédito
nos últimos três meses de
2008, quando o banco atuou,
por determinação do governo,
para suprir a falta de dinheiro
no mercado, o BB fechou 2008
com índice dois pontos percentuais maior: 15,6%.
Margem apertada
Dois pontos percentuais
também é o valor estimado de
redução do índice de Basileia
que a compra de 72,25% do
banco paulista Nossa Caixa e de
metade do banco Votorantim
provocarão no balanço do BB
neste início de ano.
Por isso, o presidente da instituição, Antônio Francisco de
Lima Neto, enfatiza que os esforços da administração serão
para recuperar esse índice, elevando novamente a capacidade
de empréstimos do BB.
Segundo a Folha apurou, a
equipe econômica descarta
uma capitalização direta por
parte do Tesouro Nacional,
mas avalia medidas que possam ser tomadas para não deixar o BB de mãos atadas. A avaliação de parte da equipe é que
isso pode se tornar um problema em 2010, mas precisa ser
"trabalhado em 2009".
A capitalização direta não é
interessante, segundo fontes
ouvidas pela reportagem, porque, além de exigir aporte de
recursos do Tesouro num momento em que o governo quer
destinar os recursos disponíveis para investimentos e subsídios para o setor de habitação, a operação seria feita num
cenário em que o preço das
ações do banco está baixo.
Com isso, para captar um determinado valor junto ao controlador, o BB precisaria emitir
praticamente o dobro das
ações que teria lançado, comparando o preço da ação com o
vigente no final de 2007, antes
da crise bancária mundial. Isso,
segundo avaliações do governo,
seria prejudicial aos acionistas
do banco.
Por isso, será preciso "outras
alternativas". Considerando
que nada seja feito e se confirmem as projeções do próprio
BB, as compras recentes anulariam o ganho de dois pontos
percentuais e o crescimento da
carteira de crédito estimado
em 17% para 2009 consumiria
cerca de R$ 39 bilhões, limitando o ritmo de crescimento dos
empréstimos.
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