São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Brasil adia gastos e amplia aperto fiscal

Recorde na arrecadação de tributos também colabora para superavit primário de R$ 13,9 bi em janeiro

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O recorde de arrecadação de tributos em janeiro e a postergação de gastos para o decorrer de 2010 possibilitaram ao governo central (Tesouro, Previdência Social e Banco Central) chegar a um superavit primário de R$ 13,9 bilhões (5,22% do PIB) no primeiro mês do ano.
O resultado alcançado no mês passado foi R$ 9,9 bilhões superior ao registrado em janeiro de 2009 e o segundo melhor desempenho da história para o primeiro mês do ano.
Para o primeiro quadrimestre, a meta de economia fiscal para o pagamento de juros da dívida é de R$ 18 bilhões, enquanto o esforço total planejado para 2010 é R$ 71,8 bilhões.
Para o secretário do Tesouro, Arno Augustin, os dados de janeiro indicam que as contas devem ficar equilibradas no ano.
"Do nosso ponto de vista, é uma confirmação da tendência de primário positivo em 2010", disse, fazendo um contraponto com 2009, quando houve queda nas receitas e o governo precisou ampliar os gastos com medidas anticíclicas.
Em Belo Horizonte, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o resultado é a prova de que o governo vai cumprir a meta estabelecida para o setor público em 2010, de 3,3% do PIB. Ele afirmou que é um "compromisso".
Em 2009, para cumprir uma meta já reduzida de superavit, o governo precisou lançar mão de engenharia contábil para recuperar receitas extraordinárias, como depósitos judiciais há mais de uma década esquecidos em bancos públicos.
No entanto, além da arrecadação maior em 2010 devido à recuperação da economia, o governo desta vez diluiu ao longo do ano alguns gastos que pressionaram as contas públicas no início do ano passado, como a quitação de pendências judiciais, que não passaram de R$ 9,1 milhões no mês, ante R$ 1,5 bilhão em janeiro de 2009.
Segundo Augustin, a programação para esses gastos judiciais ocorre todo ano a critério do governo, que pode antecipar ou postergar os pagamentos de acordo com sua estratégia.
Para Felipe Salto, economista da Tendências, o bom resultado de janeiro deve ser olhado com cautela, pois foi obtido a partir de fatores atípicos.


Colaborou PAULO PEIXOTO , da Agência Folha, em Belo Horizonte


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