São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Presidente da Toyota assume erros nos EUA

Akio Toyoda, neto do fundador da montadora japonesa, depôs na Câmara dos Representantes e pediu desculpas por recalls

Montadora já convocou mais de 8,5 milhões de veículos no mundo por falha que leva à aceleração involuntária de veículos

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente da Toyota, Akio Toyoda, testemunhou ontem em audiência na Câmara dos Representantes (Deputados) dos EUA e assumiu a responsabilidade pelas falhas que levaram ao recall de mais de 8,5 milhões de veículos no mundo.
O depoimento de Toyoda, neto do fundador da montadora, representou o auge da crise da empresa, que após demorar a apresentar uma resposta ao acúmulo de queixas sobre seus veículos, tenta agora recuperar a sua credibilidade.
Os problemas de aceleração involuntária em carros da marca estão relacionados a cinco mortes nos EUA, e há outros 29 casos em investigação.
Após passar pela multidão de câmeras e fotógrafos, Toyoda afirmou em seu testemunho que a empresa não fugia de seus problemas e se desculpou pelos acidentes. Transmitida pela TV, a sessão de ontem na Câmara se transformou em uma espécie de show, com acusações por parte dos congressistas e juras solenes de compromisso com a verdade.
"Meu nome está em cada carro", disse. Segundo Toyoda, a empresa cresceu em ritmo rápido demais. "Lamento que isso tenha resultado em questões de segurança descritas nos recalls que estamos enfrentando. E eu sinto muito por qualquer acidente que os motoristas de Toyotas tenham passado."
Toyoda é o segundo executivo da empresa a depor perante uma subcomissão da Câmara nesta semana. Anteontem, o presidente da Toyota nos EUA, James E. Lentz III, disse que o recall pode "não resolver completamente" a aceleração involuntária e afirmou que não descarta a hipótese de se tratar de um problema eletrônico.
O depoimento de Toyoda acontece no mesmo momento em que as autoridades reguladoras do Japão anunciam que vão iniciar a investigação de 38 queixas de aceleração involuntária nos últimos três anos.
O ministro dos Transportes do Japão, Seiji Maehara, disse que foram registradas no total, incluindo as outras montadoras, 134 queixas nos últimos três anos. Segundo ele, a proporção de queixas da Toyota não chega a chamar a atenção, mas dada a discussão sobre o recall de veículos da marca, investigará carros da montadora.
Em seu depoimento, Toyoda tentou deixar claro que a companhia está lidando com os problemas e tentando retomar a reputação de qualidade.
"Desde o mês de junho, quando assumi, tenho pessoalmente colocado como prioridade máxima a melhora na qualidade sobre a quantidade e tenho compartilhado essa diretriz com os nossos acionistas."
Em alguns momentos, Toyoda, que contou com o auxílio de intérprete, pareceu confuso. Ao ser questionado quanto a um memorando da empresa que afirmava que o governo do presidente Barack Obama era menos amistoso com a indústria, demorou e no final disse que não podia entender o texto em inglês do documento.
Antes de Toyoda, o secretário de Transportes dos EUA, Ray LaHood, disse que os carros incluídos nos recentes recalls não eram seguros e que investigará se os problemas estão relacionados ao sistema eletrônico.


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