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Presidente da Toyota assume erros nos EUA
Akio Toyoda, neto do fundador da montadora japonesa, depôs na Câmara dos Representantes e pediu desculpas por recalls
Montadora já convocou mais de 8,5 milhões de veículos no mundo por
falha que leva à aceleração involuntária de veículos
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente da Toyota, Akio
Toyoda, testemunhou ontem
em audiência na Câmara dos
Representantes (Deputados)
dos EUA e assumiu a responsabilidade pelas falhas que levaram ao recall de mais de 8,5 milhões de veículos no mundo.
O depoimento de Toyoda,
neto do fundador da montadora, representou o auge da crise
da empresa, que após demorar
a apresentar uma resposta ao
acúmulo de queixas sobre seus
veículos, tenta agora recuperar
a sua credibilidade.
Os problemas de aceleração
involuntária em carros da marca estão relacionados a cinco
mortes nos EUA, e há outros 29
casos em investigação.
Após passar pela multidão de
câmeras e fotógrafos, Toyoda
afirmou em seu testemunho
que a empresa não fugia de seus
problemas e se desculpou pelos
acidentes. Transmitida pela
TV, a sessão de ontem na Câmara se transformou em uma
espécie de show, com acusações por parte dos congressistas e juras solenes de compromisso com a verdade.
"Meu nome está em cada carro", disse. Segundo Toyoda, a
empresa cresceu em ritmo rápido demais. "Lamento que isso tenha resultado em questões
de segurança descritas nos recalls que estamos enfrentando.
E eu sinto muito por qualquer
acidente que os motoristas de
Toyotas tenham passado."
Toyoda é o segundo executivo da empresa a depor perante
uma subcomissão da Câmara
nesta semana. Anteontem, o
presidente da Toyota nos EUA,
James E. Lentz III, disse que o
recall pode "não resolver completamente" a aceleração involuntária e afirmou que não descarta a hipótese de se tratar de
um problema eletrônico.
O depoimento de Toyoda
acontece no mesmo momento
em que as autoridades reguladoras do Japão anunciam que
vão iniciar a investigação de 38
queixas de aceleração involuntária nos últimos três anos.
O ministro dos Transportes
do Japão, Seiji Maehara, disse
que foram registradas no total,
incluindo as outras montadoras, 134 queixas nos últimos
três anos. Segundo ele, a proporção de queixas da Toyota
não chega a chamar a atenção,
mas dada a discussão sobre o
recall de veículos da marca, investigará carros da montadora.
Em seu depoimento, Toyoda
tentou deixar claro que a companhia está lidando com os
problemas e tentando retomar
a reputação de qualidade.
"Desde o mês de junho,
quando assumi, tenho pessoalmente colocado como prioridade máxima a melhora na qualidade sobre a quantidade e tenho compartilhado essa diretriz com os nossos acionistas."
Em alguns momentos, Toyoda, que contou com o auxílio de
intérprete, pareceu confuso. Ao
ser questionado quanto a um
memorando da empresa que
afirmava que o governo do presidente Barack Obama era menos amistoso com a indústria,
demorou e no final disse que
não podia entender o texto em
inglês do documento.
Antes de Toyoda, o secretário
de Transportes dos EUA, Ray
LaHood, disse que os carros incluídos nos recentes recalls não
eram seguros e que investigará
se os problemas estão relacionados ao sistema eletrônico.
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