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ARTIGO
Guerra nem sempre faz bem às ações
FLOYD NORRIS
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os canhões começaram a
rugir na semana passada e as
ações dispararam não só nos EUA
como em todo o mundo.
Algo semelhante aconteceu em
1991, quando o bombardeio aliado ao Iraque começou. Mas isso
não quer dizer que guerras sempre fazem bem às ações.
Em termos gerais, as ações dos
Estados Unidos sobem em tempo
de guerra quando os operadores
acreditam que os acontecimentos
favorecem o país.
Os preços das ações norte-americanas caíram acentuadamente
no começo da Primeira e da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coréia. Também caíram depois que o Iraque invadiu o Kuait
em 1990. Mas, em cada um desses
casos, eles se recuperaram, às vezes antes que se tornasse claro que
as notícias sobre a guerra estavam
melhorando.
Uma das piores semanas para as
Bolsas foi a de 18 de maio de 1940,
quando o índice industrial médio
Dow Jones caiu 15,4% depois que
o Exército francês se despedaçou
diante da invasão alemã.
O índice continuou em queda à
medida que a guerra avançava e
caiu 6,5% nos três dias que se seguiram ao ataque japonês contra
Pearl Harbor. O mercado não
chegou ao fundo da queda antes
do segundo trimestre de 1942,
quando o Dow Jones estava 37%
abaixo de sua cotação anterior ao
início da batalha da França. Mas
os preços começaram a se recuperar ainda antes da batalha de Midway, em junho de 1942, que sinalizou que as fortunas da guerra começavam a virar.
Pelo final da guerra, em agosto
de 1945, o índice Dow Jones estava
77% acima de sua queda máxima,
em 1942, mas apenas 14% acima
de sua cotação quando a Alemanha invadiu a França.
Na última semana de julho de
1914, quando se tornou óbvio que
a guerra estava para começar na
Europa, as ações da Bolsa de Nova
York caíram 11,5% nos quatro
primeiros dias da semana e aparentemente abririam o 31 de julho
em queda ainda maior, devido ao
dilúvio de ordens de venda vindas
da Europa. O governo fechou a
Bolsa, que só reabriu em 12 de dezembro.
A essa altura, parecia claro que
as empresas norte-americanas estavam se beneficiando de encomendas relacionadas à guerra e o índice Dow Jones fechou o primeiro dia com alta de 4,4%.
Quando os EUA entraram na
guerra, em 6 de abril de 1917, o
Dow Jones estava 73% acima do
ponto de reabertura do mercado.
Mas caiu pelo restante do conflito,
que se encerrou em 1918.
Um dia depois que começou a
Guerra da Coréia, em 25 de junho
de 1950, o Dow Jones entrou em
queda de 12% em um mês. Mas
recuperou todo terreno perdido
por volta de setembro, quando as
forças norte-americanas empreenderam uma audaciosa invasão anfíbia em Inchon que garantiu que uma vitória rápida da Coréia do Norte seria impossível.
A Guerra do Vietnã foi chegando aos poucos à consciência dos
norte-americanos. Mas muitas
ações atingiram um pico em 1966,
não muito depois que o envolvimento norte-americano começou
sua escalada, em 1965. E, quando
a guerra enfim terminou, em 1975, a economia norte-americana passara por uma severa recessão e os preços das ações estavam muito abaixo de suas cotações na
metade dos anos 60.
A Guerra do Golfo em 1991 é relembrada como ótima para as
ações, mas não era esse o panorama quando as hostilidades se iniciaram. O índice Dow Jones caiu
6,3% nos três dias que se seguiram à invasão do Iraque pelo
Kuait em 2 de agosto de 1990 e
acumulava queda de 19% quando
as ações começaram a se recuperar, em outubro. Os preços das
ações subiram 4,65% no dia em
que começou o ataque internacional ao Iraque, em 17 de janeiro de
1991. E, quando a guerra terminou em cessar-fogo, em 3 de março, o Dow Jones voltara ao seu
ponto anterior à invasão do Kuait
pelas tropas iraquianas.
Na semana passada, quando começou a última guerra, o Dow Jones subiu em 8,4%, para 8.521,97
pontos. Mas mesmo com esses
ganhos ele está um pouco abaixo
de sua marca em 8 de novembro,
quando o Conselho de Segurança
das Nações Unidas aprovou a resolução 1.441, oferecendo ao Iraque uma "última chance" de se
desarmar.
Em ambos os casos recentes,
1990-91 e 2002-03, a fraqueza da
economia dos EUA, causada em
parte pela alta nos preços do petróleo, ajudou a deprimir os preços das ações. Em 1990, os preços
do petróleo atingiram um pico
em outubro, mas haviam caído
bastante antes que começassem
os bombardeios dos EUA.
Tradução de Paulo Migliacci
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