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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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DOENÇAS NA LAVOURA

Blitze são feitas na divisa com SP para evitar que mal se alastre pelas plantações de laranja mineiras

MG tenta controlar morte súbita dos citros

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), órgão do governo estadual, iniciou blitze no último dia 20 na região do Triângulo Mineiro, divisa com São Paulo, para evitar que se alastre ainda mais uma doença que tem afetado plantações de laranja em Minas e no norte paulista, batizada de "morte súbita dos citros (MSC)".
A superintendente de Produção Vegetal do IMA, Vânia Maria Carvalho, disse que as blitze ocorrem ao mesmo tempo em que o órgão dá início a um levantamento para saber se, no Estado, a doença continua restrita ao sul do Triângulo Mineiro -sete municípios- ou se está alastrando.
"Será uma inspeção planta a planta. Treinamos 34 técnicos da Emater para a identificação da doença. Nas suas regiões eles vão treinar outros técnicos para o trabalho, que vai durar seis meses."
As blitze servem para cumprir as determinações de uma portaria do governo do Estado que proíbe a saída e a entrada de mudas de citros. Minas é o quarto produtor nacional de laranja, com cerca de 11 milhões de plantas, sendo 7,5 milhões no Triângulo Mineiro. São Paulo tem 210 milhões de plantas -quase 90% da produção nacional.
A doença apareceu inicialmente no município de Comendador Gomes, no sul da região do Triângulo. Mas quase ao mesmo tempo, segundo Vânia Carvalho, foi descoberta também no norte de São Paulo. Há um ano, eram cerca de 300 mil árvores infectadas no sul do Triângulo Mineiro e no norte de São Paulo. A estimativa atual é que 1 milhão de plantas estejam contaminadas. No Estado de São Paulo há cinco municípios afetados.
Em 2001, a MSC foi assim batizada por pesquisadores do Centro de Citricultura Sylvio Moreira, em Cordeirópolis (SP), porque a doença tem como principal característica matar as árvores atingidas num curto espaço de tempo -de 20 dias a dois meses após a contaminação.
Estudos estão sendo feitos por pesquisadores do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) e de outras empresas nacionais de biotecnologia. Os pesquisadores sabem que a doença ataca as variedades de árvores que foram enxertadas com o limão-cravo. Esse enxerto, que vem sendo utilizado com sucesso desde os anos 50, ocorre em 80% das mudas plantadas nos dois Estados.
Essa técnica foi desenvolvida para combater outra praga que atinge o plantio de laranjas. É a "tristeza", que tem como vetor o inseto conhecido como pulgão preto. Esse inseto seria o mesmo transmissor da MSC. Suspeita-se que ele transmita um vírus, mas os estudos em andamento ainda não puderam confirmar isso.
O IMA informou que está aguardando a liberação de recursos do governo federal -entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões- para o financiamento das pesquisas. A verba já foi aprovada.


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