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DOENÇAS NA LAVOURA
Blitze são feitas na divisa com SP para evitar que mal se alastre pelas plantações de laranja mineiras
MG tenta controlar morte súbita dos citros
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O IMA (Instituto Mineiro de
Agropecuária), órgão do governo
estadual, iniciou blitze no último
dia 20 na região do Triângulo Mineiro, divisa com São Paulo, para
evitar que se alastre ainda mais
uma doença que tem afetado
plantações de laranja em Minas e
no norte paulista, batizada de
"morte súbita dos citros (MSC)".
A superintendente de Produção
Vegetal do IMA, Vânia Maria
Carvalho, disse que as blitze ocorrem ao mesmo tempo em que o
órgão dá início a um levantamento para saber se, no Estado, a
doença continua restrita ao sul do
Triângulo Mineiro -sete municípios- ou se está alastrando.
"Será uma inspeção planta a
planta. Treinamos 34 técnicos da
Emater para a identificação da
doença. Nas suas regiões eles vão
treinar outros técnicos para o trabalho, que vai durar seis meses."
As blitze servem para cumprir
as determinações de uma portaria
do governo do Estado que proíbe
a saída e a entrada de mudas de citros. Minas é o quarto produtor
nacional de laranja, com cerca de
11 milhões de plantas, sendo 7,5
milhões no Triângulo Mineiro.
São Paulo tem 210 milhões de
plantas -quase 90% da produção nacional.
A doença apareceu inicialmente
no município de Comendador
Gomes, no sul da região do Triângulo. Mas quase ao mesmo tempo, segundo Vânia Carvalho, foi
descoberta também no norte de
São Paulo. Há um ano, eram cerca
de 300 mil árvores infectadas no
sul do Triângulo Mineiro e no
norte de São Paulo. A estimativa
atual é que 1 milhão de plantas estejam contaminadas. No Estado
de São Paulo há cinco municípios
afetados.
Em 2001, a MSC foi assim batizada por pesquisadores do Centro de Citricultura Sylvio Moreira,
em Cordeirópolis (SP), porque a
doença tem como principal característica matar as árvores atingidas num curto espaço de tempo
-de 20 dias a dois meses após a
contaminação.
Estudos estão sendo feitos por
pesquisadores do Fundecitrus
(Fundo de Defesa da Citricultura)
e de outras empresas nacionais de
biotecnologia. Os pesquisadores
sabem que a doença ataca as variedades de árvores que foram enxertadas com o limão-cravo. Esse
enxerto, que vem sendo utilizado
com sucesso desde os anos 50,
ocorre em 80% das mudas plantadas nos dois Estados.
Essa técnica foi desenvolvida
para combater outra praga que
atinge o plantio de laranjas. É a
"tristeza", que tem como vetor o
inseto conhecido como pulgão
preto. Esse inseto seria o mesmo
transmissor da MSC. Suspeita-se
que ele transmita um vírus, mas
os estudos em andamento ainda
não puderam confirmar isso.
O IMA informou que está
aguardando a liberação de recursos do governo federal -entre R$
1,5 milhão e R$ 2 milhões- para
o financiamento das pesquisas. A
verba já foi aprovada.
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