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DANÇA DE NÚMEROS
Em fevereiro, taxa de desemprego sobe para 19,8% e rendimento médio real recua 1,1%; Mantega pede
paciência
Emprego e renda voltam a cair na Grande SP
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após se estabilizar em janeiro
deste ano em 19,1%, a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo subiu para 19,8%
no mês passado, segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de
Análise de Dados) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos).
É o pior resultado para um mês
de fevereiro desde 85, quando a
pesquisa começou a ser realizada.
De acordo com o levantamento,
109 mil postos de trabalho foram
eliminados no mês, e a taxa de desemprego teria sido ainda maior
se 51 mil pessoas não tivessem desistido de procurar emprego.
O corte de vagas, formais e informais, ocorreu em todos os setores: 42 mil em serviços, 25 mil
no comércio; 21 mil na indústria e
21 mil na construção civil e no trabalho doméstico.
Embora projetem um cenário
negativo para a região metropolitana de São Paulo, os dados aparentemente vão na contramão de
números divulgados na semana
passada sobre empregos formais
nas indústrias de todo o Estado.
Segundo o Ministério do Trabalho, a indústria paulista criou em
fevereiro 16.707 vagas com carteira assinada. Para especialistas, a
discrepância entre os números
sugere que a indústria está criando mais vagas no interior paulista
do que na capital.
Além disso, parte da explicação
para a piora nos dados do Seade-Dieese, segundo a gerente de análises da Seade, Paula Montagner, é
sazonal. "Os últimos meses do
ano são tradicionalmente mais
aquecidos e criam vagas temporárias, que acabam sendo eliminadas nos primeiros meses do ano."
Para a economista, uma eventual recuperação só deve acontecer em abril. "Em março acreditamos que vá haver alta na taxa, como ocorre historicamente", diz.
A renda real média dos ocupados teve, em janeiro, queda de
1,1% em relação a dezembro do
ano passado: passou de R$ 998
para R$ 987. Em relação a janeiro
de 2003, houve alta de 4,7%. Para
o Dieese, a alta decorre de "efeito
estatístico": o desemprego afetou
mais pessoas com remuneração
menor, elevando a renda média
dos que continuam empregados.
Para o ministro do Planejamento, Guido Mantega, há uma demora entre a retomada do crescimento e a criação de emprego.
"Temos de ter um pouco de paciência", afirmou.
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