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Melhores resultados fora da capital explicam divergência entre pesquisas sobre desemprego, dizem especialistas
SP e interior passam por tendências opostas
DA REPORTAGEM LOCAL
Se analisado em conjunto com
dados de outras entidades que
realizam pesquisas de nível de
emprego, o levantamento divulgado ontem pela Seade/Dieese
mostra que a geração de empregos na região metropolitana de
São Paulo e no interior do Estado
tomou rumos opostos.
Segundo especialistas, essa seria
uma possível explicação para a diferença entre os números divulgados ontem e os informados na semana passada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) e pelo Ministério do
Trabalho, que apontam criação
de vagas industriais no Estado em
fevereiro.
Além disso, os dados da Fundação Seade e do Dieese abrangem
também o mercado informal de
trabalho e são obtidos mediante
entrevistas em domicílios. Os números da Fiesp e do Ministério do
Trabalho são de carteira assinada
e coletados na indústria.
Segundo a Fiesp, foram 7.442
postos de trabalho formais criados pela indústria de transformação paulista em fevereiro, número
atribuído pela entidade à exportação, principalmente de segmentos ligados ao agronegócios.
Já os dados do Caged (Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados) mostram que houve
contratação de 16,7 mil trabalhadores na indústria de transformação do Estado no mês e 4.120 na
região metropolitana.
Segundo Clemente Ganz Lúcio,
do Dieese, houve geração, e não
eliminação, de postos de trabalho
nesses dados porque a criação de
vagas no interior do Estado -beneficiado pela agricultura- pode
ter feito a média subir.
É a mesma avaliação de Anselmo Luis dos Santos, economista e
pesquisador do Cesit (Centro de
Estudos Sindicais e de Economia
do Trabalho), da Unicamp.
"Nas regiões metropolitanas,
muitas indústrias são de bens de
consumo, cuja demanda caiu no
ano passado. Em 2003, o consumo das famílias teve queda de
3,3%. Ou seja, sem consumo, sem
produção, sem emprego", diz.
Segundo Cláudio Vaz, diretor
do Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos da Fiesp, "a
Seade e o Dieese trabalham com
um universo diferente da pesquisa da Fiesp, já que abrange apenas
a região metropolitana".
"A pesquisa é domiciliar e pega
até postos de trabalho informais,
enquanto a da Fiesp é realizada
nos sindicatos das indústrias e
abrange os postos de trabalho formais", afirma.
Segundo Vaz, candidato à presidência da entidade, "hoje a força
dinâmica é a exportação ligada ao
agronegócio". "Existe uma transferência de indústrias da capital
para cidades do interior."
(MAELI PRADO)
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