São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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Melhores resultados fora da capital explicam divergência entre pesquisas sobre desemprego, dizem especialistas

SP e interior passam por tendências opostas

DA REPORTAGEM LOCAL

Se analisado em conjunto com dados de outras entidades que realizam pesquisas de nível de emprego, o levantamento divulgado ontem pela Seade/Dieese mostra que a geração de empregos na região metropolitana de São Paulo e no interior do Estado tomou rumos opostos.
Segundo especialistas, essa seria uma possível explicação para a diferença entre os números divulgados ontem e os informados na semana passada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Ministério do Trabalho, que apontam criação de vagas industriais no Estado em fevereiro.
Além disso, os dados da Fundação Seade e do Dieese abrangem também o mercado informal de trabalho e são obtidos mediante entrevistas em domicílios. Os números da Fiesp e do Ministério do Trabalho são de carteira assinada e coletados na indústria.
Segundo a Fiesp, foram 7.442 postos de trabalho formais criados pela indústria de transformação paulista em fevereiro, número atribuído pela entidade à exportação, principalmente de segmentos ligados ao agronegócios.
Já os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que houve contratação de 16,7 mil trabalhadores na indústria de transformação do Estado no mês e 4.120 na região metropolitana.
Segundo Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, houve geração, e não eliminação, de postos de trabalho nesses dados porque a criação de vagas no interior do Estado -beneficiado pela agricultura- pode ter feito a média subir.
É a mesma avaliação de Anselmo Luis dos Santos, economista e pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
"Nas regiões metropolitanas, muitas indústrias são de bens de consumo, cuja demanda caiu no ano passado. Em 2003, o consumo das famílias teve queda de 3,3%. Ou seja, sem consumo, sem produção, sem emprego", diz.
Segundo Cláudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, "a Seade e o Dieese trabalham com um universo diferente da pesquisa da Fiesp, já que abrange apenas a região metropolitana".
"A pesquisa é domiciliar e pega até postos de trabalho informais, enquanto a da Fiesp é realizada nos sindicatos das indústrias e abrange os postos de trabalho formais", afirma.
Segundo Vaz, candidato à presidência da entidade, "hoje a força dinâmica é a exportação ligada ao agronegócio". "Existe uma transferência de indústrias da capital para cidades do interior."
(MAELI PRADO)


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