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FUSÃO
Posição sai em boletim da Secom
Governo defende Cade no caso Nestlé/Garoto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em boletim editado pela Secom
(Secretaria de Comunicação), o
Palácio do Planalto saiu em defesa
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no julgamento que vetou a fusão Nestlé/Garoto. No comunicado, o governo atribui à multinacional suíça a demora na análise do caso e
afirma que um eventual recurso
judicial movido pela empresa
contra a decisão do conselho pode causar demissões na Garoto.
O boletim destaca ainda que
existem sete empresas interessadas em comprar a Garoto e que,
por esse motivo, não há risco de a
fabricante de chocolate "fechar ou
quebrar". A secretaria informou
que o boletim "Em Questão" indica as posições do governo e que,
nessa edição, foi elaborado em
conjunto com o Ministério da
Justiça.
No início de fevereiro, o Cade
vetou a compra da Garoto pela
Nestlé dois anos após a operação
ter sido realizada. A decisão, que
teve ampla repercussão política,
determinou a venda dos ativos da
Garoto a outra empresa que não
tenha mais que 20% de participação no mercado de chocolates.
A Nestlé já entrou no próprio
Cade com recurso contra o julgamento. O Ministério Público Federal também recorreu ao conselho na tentativa de modificar a decisão. Os recursos ainda estão
sendo analisados pelo tribunal de
concorrência.
O governo do Espírito Santo e a
Prefeitura de Vila Velha (ES),
além da bancada do Estado no
Congresso, têm defendido a permanência da Garoto nas mãos da
Nestlé. O principal argumento é a
possibilidade de demissões com a
decisão do Cade.
O informe da Secretaria de Comunicação afirma que o julgamento durou quase dois anos
porque a "Nestlé apresentou sucessivos pedidos de dilatação de
prazos, o que fez com que o processo ficasse parado por 131 dias
durante sua tramitação no Cade".
"Além disso, a empresa não
apresentou alternativas para atenuar o poder de mercado que adquiriria com a compra da Garoto,
recomendação feita pela Secretaria de Direito Econômico em seu
parecer de dezembro de 2002",
afirma o boletim.
Segundo o informe, a decisão
do Cade não causará demissões
porque a venda imediata da empresa para outra com participação de mercado inferior a 20%
impedirá a "depreciação dos ativos e a demissão dos trabalhadores, assegurando novos investimentos, emprego e arrecadação
para a região".
Em formato de perguntas e respostas, o texto traz o seguinte trecho: "O que poderia gerar demissões? Uma disputa judicial iniciada pela Nestlé para não cumprir a
decisão do Cade. Assim a melhor
maneira de defender o investimento e o emprego no Espírito
Santo seria implementar de forma rápida a decisão do conselho".
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da Nestlé não
ligou de volta.
(JULIANNA SOFIA)
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