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COMUNICAÇÃO
Segundo o banco, regras gerais para linha de crédito já estão definidas
BNDES prevê até R$ 4 bi para mídia
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A linha de crédito do governo
para socorrer o setor de comunicação terá um volume máximo de
R$ 4 bilhões e não fará empréstimos diretos -ou seja, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) usará
outros bancos como intermediários nas operações destinadas às
empresas que exploram TVs, rádios, jornais e revistas.
Em depoimento à Comissão de
Educação do Senado, o vice-presidente do BNDES, Darc Costa,
anunciou que as regras gerais do
programa estão definidas. Segundo ele, a decisão de não fazer empréstimos diretos se deve ao alto
endividamento do setor e à "conveniência de que tenha independência em relação ao governo".
Segundo a assessoria do banco,
o valor de R$ 4 bilhões está relacionado à demanda estimada para a linha de crédito, que, segundo
a área técnica, deve ser inferior
aos R$ 5 bilhões calculados em estudo encomendado pelo setor.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), disse à Folha que o modelo definido
impedirá que uma única empresa
receba mais de 25% do total do
programa -R$ 1 bilhão, tomando por base o teto anunciado.
O debate na Comissão de Educação do Senado, que trata também dos temas ligados à mídia,
reuniu, além do BNDES, representantes das emissoras de TV.
Record, SBT e Rede TV! criticaram o formato das operações,
que, dizem, privilegiará a Globo.
Costa defendeu que o BNDES
atenda ao setor, "profundamente
estratégico" para o país e abalado
por dívidas de cerca de R$ 10 bilhões, nas estimativas do BNDES.
Três modalidades
"A indústria de comunicação
estava apresentando, nos últimos
anos, de forma geral, um quadro
crônico de crise financeira", disse.
Segundo o vice-presidente do
BNDES, o crédito às empresas terá três modalidades principais:
1) financiamento para investimentos, ou seja, aquisição de
equipamentos para a ampliação
da capacidade produtiva. Na visão de Costa, o setor está próximo
de uma ruptura tecnológica, com
a introdução da TV digital, e é de
interesse nacional atrair grupos
dispostos a produzir no país;
2) compras de papel para veículos impressos de comunicação. À
Folha, Mercadante detalhou
mais: haverá R$ 700 milhões para
financiar a importação de papel
em um período de três anos, até
que o BNDES possa, como pretende, estimular a fabricação nacional do produto;
3) reestruturação de dívidas, o
que, de fato, envolverá mais recursos. Nesse caso, o BNDES repassará dinheiro a bancos interessados em participar de operações.
Não foram divulgadas as condições da linha de reestruturação.
Costa disse apenas que os juros
serão maiores que os cobrados
para investimentos. É certo, porém, que haverá vantagens em relação às condições de mercado
-do contrário, não faria sentido
a participação do BNDES.
Segundo Costa, o alto endividamento do setor, em que há renegociações já em andamento, tornaria "muito complexo" para o
BNDES emprestar diretamente às
empresas. Quanto à conveniência
de preservar a independência da
mídia, argumentou que a operação deve ser tratada como de Estado, não de governo.
Da dívida total de R$ 10 bilhões
do setor, as Organizações Globo
respondem por cerca de 60%.
Conforme o balanço de 2002, a dívida da Globopar, holding do grupo, soma US$ 1,9 bilhão.
Embora não seja necessária a
aprovação do Congresso, Costa
prometeu discutir os detalhes do
projeto com os senadores.
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